Sob o Vigor da Vontade
Nós, seres humanos, ainda muito envolvidos por nossas
construções mentais de um passado muito rico em experiências não tão sadias e
proveitosas para o nosso presente, em que nos digladiamos com os equívocos em
nossos pontos de vista sobre quase todas as experiências que hoje vivenciamos,
ainda não sabemos tirar o melhor proveito das inúmeras virtudes espirituais de
que somos portadores, dentre elas a bênção da utilização em nosso proveito da
vontade que é um atributo do espírito imortal que todos somos.
Allan Kardec, o insigne codificador do Espiritismo, no Livro dos Mediuns, mais
precisamente no Capitulo VIII, já nos afirmava: “A existência de uma matéria
elementar única está hoje quase geralmente admitida pela Ciência, e os
Espíritos, como se acaba de ver, a confirmam. Todos os corpos da Natureza nascem
dessa matéria que, pelas transformações por que passa, também produz as diversas
propriedades desses mesmos corpos. Daí vem que uma substância salutar pode, por
efeito de simples modificação, tornar-se venenosa, fato de que a Química nos
oferece numerosos exemplos. Toda gente sabe que, combinadas em certas
proporções, duas substâncias inocentes podem dar origem a uma que seja
deletéria. Uma parte de oxigênio e duas de hidrogênio, ambos inofensivos, formam
a água. Juntai um átomo de oxigênio e tereis um líquido corrosivo. Sem mudança
nenhuma das proporções, às vezes, a simples alteração no modo de agregação
molecular basta para mudar as propriedades. Assim é que um corpo opaco pode
tornar-se transparente e vice-versa. Pois que ao Espírito é possível tão grande
ação sobre a matéria elementar, concebe-se que lhe seja dado não só formar
substâncias, mas também modificar-lhes as propriedades, fazendo para isto a sua
vontade o efeito de reativo”.
No item seguinte, nos diz categoricamente: “Esta teoria nos fornece a solução de
um fato bem conhecido em magnetismo, mas inexplicado até hoje: o da mudança das
propriedades da água, por obra da vontade. O Espírito atuante é o do
magnetizador, quase sempre assistido por outro Espírito. Ele opera uma
transmutação por meio do fluido magnético que, como atrás dissemos, é a
substância que mais se aproxima da matéria cósmica, ou elemento universal. Ora,
desde que ele pode operar uma modificação nas propriedades da água, pode também
produzir um fenômeno análogo com os fluidos do organismo, donde o efeito
curativo da ação magnética, convenientemente dirigida. Sabe-se que papel capital
desempenha a vontade em todos os fenômenos do magnetismo. Porém, como se há de
explicar a ação material de tão sutil agente? A vontade não é um ser, uma
substância qualquer; não é, sequer, uma propriedade da matéria mais etérea que
exista. A vontade é atributo essencial do Espírito, isto é, do ser pensante. Com
o auxílio dessa alavanca, ele atua sobre a matéria elementar e, por uma ação
consecutiva, reage sobre seus compostos, cujas propriedades íntimas vêm assim a
ficar transformadas. Tanto quanto do Espírito errante, a vontade é igualmente
atributo do Espírito encarnado; daí o poder do magnetizador, poder que se sabe
estar na razão direta da força de vontade. Podendo o Espírito encarnado atuar
sobre a matéria elementar, pode do mesmo modo mudar-lhe as propriedades, dentro
de certos limites. Assim se explica a faculdade de cura pelo contacto e pela
imposição das mãos, faculdade que algumas pessoas possuem em grau mais ou menos
elevado. (Veja-se, no capítulo dos Médiuns, o parágrafo referente aos Médiuns
curadores. Veja-se também a Revue Spirite, de julho de 1859, págs. 184 e 189: O
zuavo de Magenta; Um oficial do exército da Itália.)”.
É, portanto, preciso que urgentemente nos disponhamos ao estudo dos ensinos que
os Espíritos Superiores nos disponibilizaram através desta abençoada e
incomparável doutrina espírita, para que possamos o mais rápido possível faz
adequado uso desses sublimes benefícios em nosso favor e do nosso próximo, na
prática da verdadeira caridade aproveitando parar esse alvitre os dons da
mediunidade melhor desenvolvida e entendida, como fator primordial para a
resolução de uma infinidade de problemas que ainda estamos longe de admitir, por
exclusiva falta de compreensão de como tudo se processa.
Deus é poder e bondade, daí nos ter equipado com todas essas ferramentas para
que pudéssemos fazer a parte que nos está confiada na elevação, crescimento e
aprimoramento de cada Espírito e da humanidade inteira, para que este nosso
planeta possa galgar num futuro não tão distante, um patamar superior na escada
hierárquica dos mundos.
Que Deus nosso Pai, e Jesus nosso Mestre e Guia, nos conceda a devida disposição
para dilatarmos a compreensão de que nossa vontade será decisiva na obtenção
desse sonho que acalentamos em nosso mundo íntimo.
Francisco Rebouças