Decálogo da União no Meio Espírita
“Um dos maiores obstáculos capazes de retardar a propagação do
Espiritismo seria a falta de unidade”. Allan Kardec
ATITUDES PROATIVAS DO DIRIGENTE ESPÍRITA
PARA ESTIMULAR A UNIÃO:
I) Eu, a partir desta data, entendo cada vez mais que se Kardec, homem de visão
que era, colocou a tolerância como um dos pilares do tripé da sustentação e do
crescimento do movimento espírita (relembrando: trabalho, solidariedade e
tolerância), é porque ela – a tolerância – é o calcanhar de Aquiles da união.
II) Eu, a partir desta data, passo a entender cada vez mais o real significado
da palavra tolerância, que conforme o dicionário Larousse é a “disposição de
admitir, nos outros, modos de pensar, de agir e de sentir diferentes dos
nossos”. Saberei, nos momentos de indecisão, fazer a seguinte pergunta a mim
mesmo: “Estou admitindo, nos outros, modos de pensar, de agir e de sentir
diferentes dos meus?”.
III) Eu, a partir desta data, passo a entender que a minha tolerância se faz
necessária junto aos diferentes, isto é, junto àqueles que não comungam com os
meus modos de pensar, agir e sentir, pois a lógica me diz que, junto aos que
pensam como eu penso, agem como eu ajo ou sentem o que eu sinto, a tolerância é
totalmente desnecessária.
IV) Eu, a partir desta data, passo a conscientizar-me que a única forma de
iniciar o processo de união do movimento espírita é valorizar a união pelas
diferenças, pois unir semelhantes é fácil e natural. Além do que, com este atual
comportamento, formaremos castas, facções, e nunca teremos união. O desafio é
unir os dirigentes que, não obstante sejam todos espíritas, tenham divergências
de opiniões e ações.
V) Eu, a partir desta data, passo a ter a convicção de que se eu não começar por
unir-me aos diferentes não estarei contribuindo com a união e a unificação do
movimento espírita. Creio ainda que a “unificação” precisa ser vista como
unificação de sentimentos, e não de instituições.
VI) Eu, a partir desta data, passo a compreender cada vez mais que se Jesus
aceita-me e ama-me como eu sou, com todas as minhas vacilações, tenho que – no
mínimo - aceitar o outro como é. Tenho consciência de que tenho o direito de
discordar das ações do próximo, mas tenho o dever de aceitá-lo. E também sei que
esta eventual discordância não necessariamente deverá ser objeto do nosso
diálogo, a não ser que o outro tome esta iniciativa. Mas mesmo nesta
circunstância, colocarei sempre a fraternidade em primeiro plano.
VII) Eu, a partir desta data, não confundirei meu conceito de pureza doutrinária
com as atitudes eventualmente não adequadas de irmãos dirigentes de outros
Centros Espíritas. Passo cada vez mais a ter a convicção de que a Doutrina
Espírita tem sua pureza exposta nos livros de Alan Kardec e em outros livros
célebres, e que não me cabe exigir a mesma pureza dos homens que dirigem os
Centros Espíritas.
VIII) Eu a partir desta data passo a exercitar a alteridade, que é definida como
o estabelecimento de uma relação de paz com os diferentes; a capacidade de
conviver bem com a diferença da qual o outro é portador.
IX) Eu a partir desta data passo a ter consciência de que unir aos diferentes
pode gerar-me, no início, uma grande contrariedade interior, pois terei que
mudar meus paradigmas. E é sempre um grande desafio mudar paradigmas.
X) Por fim, melhor compreenderei que enquanto eu tiver a união como foco
inicial, ela não ocorrerá. Pois, a união espírita é natural conseqüência de dois
pré-requisitos:
a) Ser tolerante com quem não tenho afinidade ou não comungo do mesmo pensamento
e atitudes;
b) A prática de projetos comuns – e conjuntos - entre as casas espíritas. Por
exemplo: divulgação espírita; vivência do ecumenismo; atividades
assistenciais/promocionais.
Tendo os procedimentos “a” e “b”, logo acima, a união naturalmente se
estabelecerá, o que faz deduzir-me que a união no meio espírita começa em mim,
isto é, na minha mudança de pensamentos e de atitudes.
Alkindar de Oliveira