Escala de Valores do Espírita

O homem comum construiu para si, através dos séculos, uma escala de valores voltada para as coisas efêmeras. De acordo com ela, o homem vale pelo que tem e a sua importância é proporcional aos bens materiais que possui; e, em segundo lugar, aos títulos transitórios que ostenta. É a supervalorização dos bens materiais em detrimento das coisas espirituais.

O espírita, entretanto, tem uma concepção completamente diferente da vida. Compreende que a Terra nada mais é que uma escola abençoada, onde temos a oportunidade de realizar a nossa evolução. Entende que a verdadeira vida é a espiritual. Tem plena consciência de que os bens materiais são meios e não fim.

Por isso mesmo, a escala de valores do verdadeiro espírita será exatamente a inversa da tradicional.

Tudo o que ele faz visa primeiro à melhoria do Espírito imortal. Todos os seus atos são voltados para a conquista de bens eternos.

Por conseguinte, não se concebe um espiritista autêntico afastado do campo de trabalho da seara doutrinária em virtude de ocupações de outra ordem. Não há dúvida de que isto poderá acontecer, mas em situações transitórias.

Evidentemente não estamos preconizando o desprezo dos bens materiais, mas sim o desapego a eles, a sua utilização apenas como um dos meios de se chegar à espiritualização.

Dois ensinamentos de Jesus nos levam a compreender esta posição: um, o que nos aconselha a "acumular tesouros no Céu"; e, outro, o que nos ensina a "procurar primeiramente o Reino de Deus e a sua Justiça", pois que todas as outras coisas nos seriam dadas por acréscimo.

Basta refletirmos maduramente nestas palavras, para adorarmos um comportamento diametralmente oposto ao do homem comum, atribuindo às coisas materiais o valor relativo, que realmente têm, e às espirituais os valores reais, que efetivamente possuem.


Umberto Ferreira