A Pétala
Se a maldade te fere, cruel, não guardes a pretensão de
removê-la imediatamente do caminho. A pregação inoportuna de virtudes, ainda
potenciais, em tua alma poderia provocar nova desesperação contra ti.
Não te precipites.
Lança no espírito do teu irmão a pétala sutil da renuncia que sabe calar e
espera...
Se a dureza do próximo te magoa,contundente, não admitas a possibilidade de
desintegrar a tonelada de pedra, simplesmente ao preço de tuas palavras
apresentadas em louvor às benções divinas que ainda não aclimatastes de todo no
próprio espírito, porque a tua indignação mal conduzida talvez te multiplique os
problemas inquietantes da estrada.
Não te revoltes.
Lança no entendimento do companheiro a pétala delicada do perdão e espera...
Se a maledicência te busca, perturbadora, não creias seja possível transformá-la
em verbo santo, simplesmente porque te faças inopinado veiculo de protestos
quase sempre inúteis de teu incipiente amor às coisas sagradas, porquanto, atua
manifestação intempestiva provavelmente envenenará o pensamento do amigo em teu
desfavor.
Não reproves.
lança, na alma do teu interlocutor, a pétala da bondade oculta, numa frase
pequenina de solidariedade verdadeiramente humana, e espera...
Não desejes construir, de uma vez, a fortaleza de tua santificação ou o castelo
de tua felicidade.
Eleva-se a casa, tijolo a tijolo.
O século conhece a importância de cada dia.
Semeia as pétalas da fraternidade e da paz em teus minutos mais insignificantes
e a vida te responderá, com a graça do tempo, coroando-te nos cimos do mundo,
com a glória da sabedoria e do amor no teu próprio engrandecimento.
José de Castro