Ad Vitam ae Ternam

Num doce, estranho e amoroso rito,
Noivaram-se afinal;

Ele, baixando meigo do Infinito,
Ela, subindo êxul de um lodaçal.

Por prevenir os esponçais, um grito
De Amor percorre o Universo inteiro...
Circunscreve-se o mal...
Toucam-se os Astros de um fulgor faceiro,

E há por montes e vales um Bendito Sorriso Triunfal...

No seu covil esconde-se o chacal;
A veiga insensa a flor,
Freme no bojo mudo a própria argila,
E o verme, e a flor, e a estrela que cintila,
Tudo ressumbra Amor!

De entorno à Terra, menestréis alados
Descem, hosanas conclamando, e , a cada
Beijo do Céu, a Terra fecundada
Proclama o Seu Senhor!

Ei-Los no Templo, enfim: Ela, a Criança,
Sorrindo ao seu olhar...
Ele, no olhar levando-Lhe a Esperança
De um futuro melhor...

E nunca mais Ó! Nunca o Tempo há de
Separá-Los na Senda da Verdade,
Que o consórcio traduz:

Chama-se a humilde noiva - Humanidade,
Chama-se Ele - Jesus.


Manuel Quintão