Espiritismo e Alegria

Imprime o Espiritismo feição nova à alegria.
Alegria será rejubilar-se. Rejubilar-se, contudo, não é licenciar os sentidos; será dar-se.
Dar-se, todavia, não é engrossar a injustiça; será receber.
Receber, porém, não será envilecer a dádiva; será amar.
Amar, entretanto, de modo algum significaria rendição à sombra.
Alegria nasce e vive no clima do trabalho de quem obedece servindo à felicidade comum de todos.
Enquanto usufruirmos a alegria do convívio espiritual, analisemos as causas que no-la favorecem, no plano das cousas simples.
Todos os elementos se mostram em ação, disciplinados a fim de serem úteis.
Pedras no alicerce do abrigo que nos reúne estão a postos assegurando o equilíbrio da casa.
O papel assume a posição de que necessitamos para que se nos grave o pensamento em forma de palavras.
Objetos de serventia usual jazem no posto que lhes compete para atender-nos.
Vigas do teto sustentam-se de atalaia garantindo asilo contra a intempérie.
Nada fora do equilíbrio necessário, nada fora da lei do auxílio.
Alegria, assim, na esfera da consciência que dispõe de suficiente vontade para exaltar-se no discernimento do bem e do mal, com capacidade de ajudar ilimitadamente, será regozijar-se estendendo fatores de regozijo a benefício dos que nos cercam; dar-se às boas obras; receber vantagens distribuindo-as e amar sem reclamar amor de ninguém; alegria constituída de ação permanente no domínio dos impulsos inferiores, na movimentação construtiva, na administração criteriosa daquilo que possuímos e na ternura que possamos oferecer de nós para edificação dos semelhantes.
Jesus resumiu os deveres religiosos na síntese:
- "Ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo". E compreendendo-se que em nossa presente situação evolutiva, não dispomos de mais alta fórmula para amar o Criador que não seja amá-lo nas criaturas, a Doutrina Espírita nos define felicidade como sendo a alegria dos que possuem a alegria de cumprir o dever de auxiliar os outros para o bem, com base na consciência tranqüila.
Jesus, horas antes da crucificação e sabendo que caminhava para o sacrifício, exclamou para os amigos: - "Tende bom ânimo, eu venci o mundo". Dizia isso quem para o mundo não passava de fracassado vulgar.
Certifiquemo-nos de que alegria é triunfo íntimo da alma sobre si, paz de quem aceitou a luta digna para elevar-se elevando a vida em torno, honra dos que procuram a aprovação do Criador no serviço às criaturas sem esperar que as criaturas lhes alterem o serviço ao Criador e trabalhemos sempre.


André Luiz