Evangelização Infantil - Entrevista Divaldo Franco
1 - Qual a importância da evangelização da criança no Centro
Espírita?
Divaldo: Da mais alta relevância, se dissermos que, quem instrui prepara para a
vida, quem educa dá a vida, quem evangeliza fomenta a vida. Este "evangeliza",
entendamo-lo à luz do Espiritismo, por ser a luz do Espiritismo que dá lógica e
entendimento ao Evangelho. O Evangelho, puro e simples, é ministrado por outras
doutrinas cristãs, mas a reencarnação e a comunicabilidade dos espíritos dão
clareza e lógica, ao contrário de outras doutrinas evangélicas, preparando a
criança para uma vida saudável no seu relacionamento futuro. Não se pode
conceber uma Casa Espírita na qual as novas gerações não recebam a evangelização
espírita, porque sem isto estaremos condenando o futuro a uma grave tarefa
curativa das chagas adquiridas no trânsito da juventude para a razão.
Portanto, é imprescindível a presença da atividade do Evangelho à luz do
Espiritismo, junto à criança e ao jovem.
2 - O que dizer das aulas de evangelização em que predomina o conhecimento do
Evangelho sem conteúdo espírita?
Divaldo: que é um trabalho muito respeitável, mas não é um trabalho espírita.
Para que o seja, é indispensável que se encontram presentes os postulados
essenciais conforme estão exarados em O Livro dos Espíritos de Allan Kardec. Não
podemos entender por que a criança e o jovem são capazes de compreender o
Evangelho e não o Espiritismo, quando têm idéia clara de eletrônica, de
cibernética, e de outras ciências muito mais complexas do que a Ciência
Espírita, que é de fácil assimilação.
Os irmãos das igrejas reformadas, do Catolicismo, nas suas vária denominações,
lecionam também o Evangelho, que é muito bom na sua parte moral, mas que não
equaciona a problemática da existência humana, que somente pode ser entendida à
luz da reencarnação. Não equaciona a realidade da comunicabilidade dos
Espíritos, que somente através da mediunidade encontra parâmetros de lógica e
sustentação. Não elucida a problemática da pluralidade dos mundos habitados,
hoje reconhecida por boa parte dos astrônomos e dos astrofísicos de toda a
Terra. E não resolve o problema do comportamento humano, porque libera ou
escraviza a consciência através dos dogmas, dos formalismos e das suas atitudes
místicas.
É indispensável colocar a Doutrina Espírita no Evangelho, para que a razão
substitua a aceitação, e a lógica preencha o vazio do mitológico.
- Nunca é conveniente levar a criança a assistir reunião espírita de natureza
mediúnica,... –
3 - Como fazer, sendo preparado para evangelizar e não se sentindo seguro para o
trabalho, já que no Centro Espírita é responsabilizado?
Divaldo: Todos nós somos inseguros daquilo que fazemos, exceto as pessoas
presunçosas. A insegurança é um fenômeno natural, porque estamos sempre
aprendendo, defrontando experiências novas. É compreensível que aquele que se
inicia numa atividade encontre muitos conflitos na área que o desafia. A
segurança virá como resultado normal da experiência, que irá adquirir com o
tempo.
O conhecimento teórico não equipa uma pessoa com a segurança que a faça
enfrentar as dificuldades naturais que lhe são desafio, com a mesma experiência
daquele que opera todos os dias. A melhor maneira de o fazer, é começar.
Começa-se inseguro e, lentamente, vai-se adquirindo confiança, que é resultado
das experiência que se tornaram exitosas. Sem a experiência pessoal ninguém tem
segurança de como fazer, porque não se transmitem experiências. Transmitem-se
informações, que aplicadas nos levam à vivência dessas mesmas informações.
4 - As crianças que estão sendo evangelizadas, de que maneira podem os pais
ajudá-las, a fim de que a evangelização continue no lar?
Divaldo: Aos pais compete a observação das tendências, da natureza dos seus
filhos para bem orientá-los e despertarem nos mesmos as qualidade que se
contrapõem aos defeitos. Entretanto, isso deve ser feito quando os filhos são
muito pequenos, e é justamente quando os pais são mais inexperiente, menos
maduros. Então, quando vemos os resultados, o tempo já passou. Como agir? Por
mais imaturos que sejam os pais, há, entre eles e os filhos, o largo período que
já viveram. Nesse período, adquiriram as experiências das suas próprias
vivências.
Há, em todo indivíduo, a tendência para o bem, porque somos lucigênitos. Esse
heliotropismo divino nos leva sempre a discernir entre o que é certo e o que é
errado. Se, por acaso, por inexperiência, não orientamos bem o filho na primeira
infância, é sempre tempo de começar, porque estamos sendo educados até a hora da
própria desencarnação.
Os pais que não lograram encaminhar bem os seus filhos, porque lhes faltava o
equilíbrio do discernimento, quando se estava no período da formação da
personalidade, podem recomeçar em qualquer instante, de maneira suave,
perseverante e otimista através do exemplo e da vivência do amor.
Os pais podem ajudar a evangelização no lar, sobretudo pela exemplificação. É a
exemplificação a melhor metodologia para que se inculquem as idéias que
desejamos penetram naqueles que vivem connosco.
Se examinarmos Jesus, Ele disse muito menos do que viveu e viveu muito mais do
que nos falou. A mim me sensibiliza muito uma cena que parece culminante na vida
do Cristo. Quando Ele estava com Anás, o Sumo Sacerdote, que Lhe perguntou sobre
Sua doutrina, respondeu Jesus, que nada falara em oculto e que ele deveria
perguntar aos que O ouviram. Um soldado que estava ao lado do representante de
César, agrediu-O, esbofeteando-Lhe a face.
Para mim, este gesto é dos mais covardes: bater na face de um homem atado. Então
Jesus não reagiu. Agiu com absoluta serenidade.
Pacifista por excelência, voltou-se para o agressor e lhe perguntou: Soldado,
por que me bateste? Se errei, aponta-me o erro, mas, se eu disse a verdade, por
que me bateste? É uma lição viva, porque Ele poderia apelar ali para a justiça
do representante de César; poderia ter-se encolerizado; ter tido um gesto de
reação, mas Ele preferiu agir.
O lar é a escola do exemplo, onde lamentavelmente se vive reagindo. Vive-se de
reações em cadeia; raramente se pára para agir.
5 - Uma criança era dotada de mediunidade vidente aflorada. Quando jovem
perdeu-a por algum tempo. Após freqüentar grupos de jovens espíritas e estudar a
Doutrina é possível recuperar a sua vidência?
Divaldo: Sim e não. Na infância, as faculdades psíquicas são muito aguçadas,
porque o Espírito ainda não está totalmente reencarnado. O cérebro ainda não
absorveu toda a percepção extra-sensorial. Como há uma percepção mais aguçada
que ainda não foi assimilada pelos neurônios cerebrais, várias faculdades se
manifestam, já que é o próprio Espírito que vê, que ouve, que sente. À medida
que ocorre o mergulho na indumentária carnal, vão diminuindo as possibilidades
parapsíquicas até que ficam relativamente bloqueadas.
Mais tarde, a pessoa pode exercitá-las e, através do exercício, poderá recuperar
essas percepções de acordo com as conveniências que foram estabelecidas pela lei
de reencarnação para o progresso da própria criatura.
Há indivíduos que gostariam muito de ser médiuns vidente, médiuns com um campo
muito amplo, sem darem-se conta das graves responsabilidades que disso decorrem,
dos gravames, dos perigos e dos imensos testemunhos, que se fazem necessários.
Os nossos Mentores Espirituais, quando coordenam a nossa reencarnação, examinam
em profundidade o que será melhor para a existência, como o que será pior,
estabelecendo aquilo que se possa ou não suportar.
Daí não é lícito forçar o desenvolvimento de aptidões, para as quais, talvez,
não se esteja moral e emocionalmente equipado par enfrentar as conseqüências
dessa decisão.
6 - Como enfrentar o desafio da educação da criança carente? O que nos aconselha
no sentido de criarmos um trabalho com essas crianças de rua. Gostaria de saber
se a merenda é prejudicial quando colocada como prêmio aos que freqüentam mais a
evangelização?
Divaldo: A melhor maneira de enfrentar-se um desafio é começá-lo. Chamar um
cooperador, mais um e formar um grupo.
É provável que muitos aqui não conheçam a história da célebre Universidade
Mackenzie, de São Paulo.
Começou quando uma educadora americana notou, em São Paulo, na rua em que
morava, um grupo de crianças vadias. Ela, que preparava muito bem broa de milho,
pôs-se a atrair os meninos que ficavam à porta sentindo o cheiro, e começou a
dar-lhes o alimento doce. Depois, resolveu que somente daria broas às crianças
que viessem, no Domingo, pela manhã, para ouviram-na falar do Evangelho de
Jesus.
Depois que vieram vários por causa da broa, ela explicou, que só participaria da
reunião, para depois comer a broa, quem viesse tomado banho, de cabelo penteado
e pés calçados. Mais tarde, ela notou que poderia fazer algo mais do que a broa.
Teve a idéia de preparar um lanche mais substancial para atrair mais meninos de
rua.
Eles aumentaram de tal forma que chegavam à hora em que ela estava na confecção
do alimento.
Ocorreu-lhe estabelecer que, a partir da data X , somente teria acesso à aula de
Evangelho, para depois comer, quem soubesse ler e escrever. E como eles não o
sabiam, ela pôs uma mesa no fundo do quintal e abriu uma escola de iniciação
alfabética. Hoje é o Mackenzie, que tem uma bela e longa história, inclusive,
foi visitado por D. Pedro II que lhe fez uma expressiva doação.
Uma americana, Mary Jane Mac Leod Bethune, começou a educar crianças num
depósito de lixo. A lei da segregação racial nos Estados Unidos era muito severa
contra os negros. Ela era negra, havia ganho uma bolsa de estudos de uma
costureira quaker, e, ao se formar não tinha alunos. Quando foi nomeada não
havia escola. Ela então reuniu três caixões vazios de cebola, colocou-os embaixo
de uma árvore, num depósito de lixo, convocou três descendentes de escravos e
começou a ensinar-lhes a ler e escrever
Oportunamente, quando Henry Ford foi a Osmond, uma praia da Califórnia, ela foi
visitá-lo. Ao chegar à porta, foi barrada, porque, no hotel, negro não podia
entrar, somente na condição de serviço. Ela subiu a escadaria de incêndio de
nove andares, saltou a janela, tocou a campainha da porta, e, quando o mordomo
veio abri-la, disse-lhe: Quero falar com Mr.Ford. O mordomo, que também era
negro, respondeu: Mas ele não recebe negros! E falou-lhe baixinho: Como você se
atreve a vir aqui? Ela reagiu bem alto: Eu tenho uma entrevista marcada com Mr.
Ford, que assinalei por telefone. Eu sou Mary Jane.
Ouvindo-a, Mr. Ford redargüiu: Entre, senhora.
Quando ela se adentrou, ele, que era humanitário e acreditava na reencarnação,
exclamou, surpreso: Mas eu não sabia que a senhora era uma negra!
Ela sorriu, elucidando: Não totalmente. Eu duvido que o senhor conheça dentes
mais alvos e um olho mais brando do que o meu.
Ele a adorou, porque uma mulher que era superior a essas mesquinharias humanas
merecia respeito. Perguntou-lhe:
O que a senhora deseja de mim? - Desejo que o senhor me ajude a construir a
minha escola, a ampliá-la. Gostaria de levá-lo ao meu terreno, a fim de que o
senhor construa comigo a escola dos meus sonhos. Ele aquiesceu. Desceu com ela
pelo elevador por onde não pudera subir. Quando ela passou pela porta e o
atendente a viu, ela ainda, só para surpreender, pegou o braço de Mr.Ford, com a
maior intimidade. Sentou-se num carro coupé aberto, desfilando pela cidade de
Osmond e olhando para todo mundo. Isso há mais ou menos sessenta anos. Era muita
coragem!
Levou-o ao seu terreno. Quando chegou ao depósito de lixo, disse-lhe:
É aqui, senhor, que eu quero construir a minha escola.
Ele, surpreso, retrucou:
- Aqui? E onde está sua escola?
Ela apontou:
- Ali.
- Senhora, ali é um depósito de lixo.
Eu sempre me esqueço dos detalhes! Em verdade a minha escola está aqui na
cabeça. Eu quero que, com o seu dinheiro, o senhor arranque daqui (apontou a
cabeça) e a coloque ali. Ele deu-lhe, então, vinte mil dólares.
Essa mulher educou, até o ano de 1969, milhões de negros americanos. Tornou-se o
símbolo da educadora mundial.
Quando o presidente Franklin Delano Roosevelt cancelou as subvenções por causa
da guerra, ela lhe pediu uma entrevista na Casa Branca, e disse-lhe:
O senhor não vai cortar as subvenções das minhas escolas.
Ele redargüiu:
A senhora não se esqueça que eu sou o presidente.
E ela repostou:
Nem o senhor esqueça que eu sou eleitora, e eu vou me lembrar.
Ela sentou-se. E a sua foi a única rede de escolas que não teve as subvenções
canceladas naquele período.
Certa feita, ela estava numa cidade do Sul, onde a intolerância racial era muito
grande e teve uma crise de apendicite. Foi levada de emergência ao hospital e
colocada na mesa cirúrgica. Quando os médicos entraram e a viram, disseram:
"Operar uma negra?" E saíram da sala. Ela pôs a mão no lugar dorido, olhou para
a janela e orou: "O Senhor deve estar brincando comigo. Acho que o Senhor só me
deu essa apendicite para me desafiar. Porque se o Senhor me ajuda a sair desta
mesa, eu Lhe prometo que, na América, onde o Senhor me pôs na Terra, nunca mais
morrerá ninguém de apendicite pelo crime de ser negro, porque eu não deixarei."
Levantou-se e ergueu uma Faculdade de Medicina. É uma das histórias mais lindas
do século, mas, infelizmente, desconhecida dos brasileiros.
Quando estourou a guerra da Coréia, ela já era um vulto venerando no mundo. Foi
conselheira da UNESCO e da ONU para assuntos raciais.
Outra vez, ela vinha atravessando o corredor para negros, no aeroporto de uma
cidade do Sul. Um rapaz branco saltou a cerca, abraçou-a e chamou-a de mamãe.
Então o colega reagiu: É louco? Como pode abraçar esta negra?
Ele explicou: É por causa desta negra que eu vou dar a minha vida na Coréia.
Quando eu fui convocado para a guerra, em um país que jamais eu havia ouvido
falar o nome, fui ao meu professor de geografia e perguntei: Onde é que fica
mesmo essa Coréia? Ele mostrou no mapa uma região miserável, perdida, que eu não
sei quem estava lá. E eu vou prá lá, porque me disseram que eu vou salvar a
democracia, que eu aprendi com esta negra, que ama a todos os homens, sem
perguntar o nome, a cor, a raça ou a crença.
Ela escreveu mais tarde: Eu poderia ter morrido naquele dia, porque minha
missão, na Terra, havia acabado.
Começamos, na Mansão do Caminho, onde temos duas mil e quinhentas crianças, que
têm o lanche garantido, mais ou menos, como narramos. Um dia demo-nos conta que,
na rua, havia muitos meninos que não estavam na escola, e, por isso, não comiam.
Criamos, para eles, uma sopa, há três anos. Vieram os meninos e suas mães.
Depois de um ano estabelecemos que só tomariam a sopa se viessem limpos. Como no
bairro a dificuldade de água é muito grande, passaram a tomar banho conosco. Se
vêm descalços, damos alpercatas. Se as perderem, não tomam a sopa. Porque, o
perder aqui, é vender. Saem com as alpercatas e vendem-nas, a fim de ganharem
novas no outro dia.
Depois, só tomam a sopa se estudarem. O interesse cresceu e hoje transformamo-la
em almoço, pois já estão tendo aula normal. Têm a merenda às dez horas e o
almoço ao meio-dia. Começamos com vinte, estamos com quase trezentos. Fazemos a
evangelização, como introdução ao trabalho da educação.
Ao fim do ano, os que tiverem melhor aprendizado são matriculados na 1ª série da
Escola Jesus Cristo. Este ano matriculamos quarenta e seis e no próximo teremos
o dobro.
Começamos, pois, sem maiores preocupações. Iniciamos sob a copa de uma mangueira
e sobre três caixas de cebola, na rua Barão de Cotegipe, 124. Eu tinha lido,
então, a vida de Mary Jane. Hoje estamos com duas mil e quinhentas crianças
internas, semi-internas e externas. Pretendemos ainda aumentar o número, e,
dentro de alguns dias, inauguraremos uma escola de auxiliar de enfermagem, para,
depois, uma escola de magistério.
Hoje é muito grande o envolvimento do jovem na política. Preocupado com as leis
humanas, indiferente às Divinas. É um processo educacional? Como concilias as
duas coisas?
Divaldo: Ocorre que o jovem padece constrição de uma sociedade que não tem sido
susta para com os seus membros. Ele, não tendo recebido no lar a formação de uma
educação nas bases reencarnacionistas, assim, tem buscado uma forma de cortar os
efeitos através de leis que, infelizmente, não alcançam a causalidade. É
perfeitamente justa a necessidade e a busca de engajamento do jovem na política,
para equacionar o problema que ele apenas vê nos resultados negativos. A maneira
de conciliar a situação é educá-lo para um saudável engajamento, não através do
jogo dos interesses imediatos, mas ensinando-o a ser bom eleitor. Politizá-lo,
conscientizá-lo.
Dizer-lhe que numa sociedade democrática, o voto é a grande arma do cidadão. No
momento que ele esgrimir essa arma, não venderá a consciência aos corruptos,
pelo contrário, os eliminará.
No mesmo programa, já referido, ouvi a resposta de um advogado, que me
sensibilizou muito pela justeza da colocação. Ele falava de corrupção e dizia
que só há corruptos porque há corruptores. Aqueles que se vendem, fizeram-se a
alguém que é pior do que eles. Os corruptores quase nunca são justiçados, porque
não denunciam a desonestidade, pois que ela é boa para acobertar-lhes as
indignidades.
Da mesma forma, porque há o receptador, existe o ladrão. Este furta um aparelho,
porque há alguém que o compra por qualquer preço. Não se pode punir o primeiro
sem alcançar o outro. Aquele que não denuncia o ladrão e aceita-lhe o fruto da
rapina, também furta. Se o ladrão oferece ao receptor uma peça valiosa e este a
compra por valor inferior está furtando do outro delinqüente e não tem interesse
de denunciá-lo porque também o é.
Assim, devemos politizar a mentalidade jovem, para que não venda o seu voto a
amigos, a conhecidos, nem àqueles que se utilizam de expedientes escusos.
Iremos conscientizar os jovens, a fim de que não se vendam, votando com a
consciência. Na Mansão do Caminho nós somos apolíticos. A nossa é a política do
Evangelho. Procuramos educar de forma que as pessoas tenham consciência do seu
voto. Lá não permitimos que se faça campanha eleitoreira.
Teremos que ensinar a atual geração, a fim de que ela esteja equipada para
enfrentar a corrupção que se tornou clássica em a natureza humana. Não só no
Brasil, porém em toda a parte.
7 - Qual deverá ser a atitude de um evangelizador ao deparar-se com um jovem com
tendências homossexuais, sabendo que o mesmo se encontra nessa situação sentindo
amor por outro do mesmo sexo?
Divaldo: O problema é de ordem íntima. Não temos o direito de invadir a
privacidade de ninguém, a pretexto de querer ajudar os outros.
Há uma preocupação em nós, de querermos salvar os outros, antes de nos salvarmos
a nós mesmos.
Deveremos sempre ensinar corretamente o que a Doutrina nos recomenda. Se alguém
vier pedir-nos ajuda, estendamo-la sem puritanismo, sem atitudes ortodoxas,
porque o problema posto em pauta é de muita profundidade para uma análise de
natureza superficial.
Se notamos que um dos nossos condiscípulos está numa fase de transição – e a
adolescência, além de ser um período de formação da personalidade, é também de
bipolaridade sexual – procuremos estimulá-lo para que canalize corretamente as
suas emoções para a ação do bem, mas também sem castrar-lhe as manifestações do
sentimento. Façamo-lo de uma forma edificante, e, quando as circunstâncias nos
permitirem, falemos que as Divinas Leis estabeleceram, nas duas polaridades, a
masculina e a feminina, o equilíbrio para a perpetuação da espécie.
O sexo foi feito para a vida; não a vida para o sexo.
Daí, o indivíduo que sinta qualquer distúrbio na área do comportamento sexual,
considere que se encontra em um educandário da vida, para corrigir
desequilíbrios que devem ser conduzidos para as disciplinas de uma vida feliz,
deixando que cada qual faça a sua opção, sem o puritanismo que tudo condena e
sem o modernismo que tudo alberga, porque cada um vai responder pelo uso que faz
da existência conforme as suas resistências.
É muito fácil propor a alguém que suba a montanha, sem saber até onde vão as
suas forças. Em Doutrina Espírita ninguém vive as experiências alheias, como em
nenhuma outra. A nossa tarefa é a de exemplificar - ensinando, para que cada um
faça o melhor ao seu alcance.
Divaldo Pereira Franco