Caminho de Luz
Querida Mamãe.
Dizem que, nos primeiros tempos do mundo, há muitos milênios, a Morte só
aparecia entre os homens atendendo a chamados da Longa Vida.
A criatura nascia, crescia e desfrutava os bens da Terra e unicamente quando
mais que centenária é que se via recolhida pela Morte para a renovação.
Os homens, porém, se apaixonaram pelo poder terrestre e começaram a lutar entre
si.
Pisando o chão do Planeta, não mais queriam saber dos Céus e nem da luz que a
Divina Providência lhes reservava.
Empenhavam-se todos à guerra incessante, criando o ódio e o sofrimento, a ponto
de nada mais enxergarem senão as criações dos seus próprios enganos. Não mais
fitavam as estrelas, esmagavam as flores sem consideração, enodoavam as fontes e
incendiavam os campos, apedrejando-se uns aos outros.
Diante disso, os Anjos Orientadores do Mundo foram a Deus, rogando medidas que
liquidassem com semelhantes atropelos.
Dizem que o Senhor ouviu a queixa, pensou muito, e respondeu:
- Todos os homens e todas as mulheres na Terra são meus filhos e não posso
abandonar a ninguém. Mas peçam à Morte para que, de agora em diante, traga para
os Céus todos aqueles que precisem de menos trabalho na vida física. Isso poderá
reacender a chama do amor nos lares terrestres ...
Foi aí que a Morte passou a conduzir crianças e jovens na direção do Mais Alem.
Desde então, apareceu um caminho de luz, entre o Céu e a Terra, caminho formado
pelas preces e pelas lágrimas de todos os que choravam a ausência de entes
queridos.
Colocando o coração nessa estrada aberta entre o Mundo e o Firmamento, as
criaturas humanas regressaram ao culto do amor e da fé ardente em Deus.
Esse caminho de luz, querida Mamãe, tem um nome bendito.
Chama-se Saudade.
Augusto Cezar