Ninguém Sabe o Preço
Você vê estirar-se o fio condutor da eletricidade, seja na via
pública ou no lar, mas não pode avaliar as tensões que suporta em sua
intimidade, para que o progresso se implante gerando a claridade, movendo
indústrias, salvando vidas.
Você contempla a árvore florida ou carregada de frutos, exuberando no pomar.
Contudo, dificilmente entenderá que ela deve resistir à ventania, à seca, às
pragas e aos pesticidas, até conseguir estar apta para colaborar com a
felicidade de quem se alimenta, de quem se veste, mora ou constrói mobiliário.
Você observa a ponte resistente e valorosa que encurta distâncias, que facilita
percursos e contribui para o progresso. Não compreenderá, talvez, o preço pago
pelas toneladas que ela tem que suportar, as tensões mecânicas que precisa
resistir para que o progresso se mantenha.
Recebe, onde esteja, o fluxo da água potável, que dessedenta e que se torna
utilidade para todos. Dificilmente você pensará no percurso longo de sua
corrente, vencendo obstáculos, nas impurezas que lhe perturbaram a composição e
nos produtos bioquímicos que teve que receber em seu seio, até estar em
condições de alimentar a vida com boa qualidade.
Você se deslumbra com a montanha altaneira que desafia as alturas, como um
espetáculo de pedra imbatível. Não é comum que se analise, porém, tudo quanto
ela deverá resistir para manter-se sobranceira como se mostra: os ventos
permanentes, como permanentes lixas a consumir-lhe a superfície; os gelos que o
inverno produz, fragilizando-lhe a constituição; os movimentos que lhe sacodem
as bases, enquanto o planeta se altera; a modificação dos seus minérios em
argila e areia, com o passar dos milênios.
Deveríamos viver copiando a natureza, dando conta do nosso dever sem mais nada
que nos conturbasse a ação.
Por mais que ofereçamos alegria e bem-estar a quem for, por maiores os elogios
que nos sejam dirigidos ou por mais duros os comentários a nosso respeito,
consideremos que só nós mesmos sabemos o que nos custa para ser como somos.
Jamais nos exaltemos, então, nem nos sintamos desprezados, pois que, além das
nossas aparências, o que legisla é a nossa realidade íntima, que pouca gente
consegue ver.
Não se exiba. Não cobre reconhecimento. Dê o que possa e como possa como
contribuição à vida, rumando de alma tranqüila e entusiasmada para a sonhada
felicidade.
Pense nisso!
Se o desalento lhe visita a alma, porque ninguém valoriza os esforços que você
tem feito para melhorar-se intimamente...
Se pensa em desistir, julgando inúteis as renúncias em favor dos filhos que o
criador confiou aos seus cuidados...
Se o desânimo lhe convida a abandonar a luta nobre, a decisão de ter dignidade e
viver conforme os ensinamentos cristãos, pare um pouco e medite...
É que ninguém, neste mundo, sabe o preço...
Mas o Sublime Jardineiro colhe cada fruto produzido nos jardins secretos da sua
alma...
Ele sabe o preço dos seus esforços, da sua renúncia, da sua abnegação e lhe
retribuirá de conformidade com as suas obras.
Por tudo isso, confie Nele e não pense jamais em desistir...
Momento Espírita