Sem Contendas
Dificílimo encontrar-se neste mundo quem não seja cioso do seu
nome e da sua reputação. Sérias altercações, não raro de remates lamentáveis, se
ferem por esse motivo, dando ensejo a inimizadas e desforços. Em geral, ninguém
admite a utilização indevida das suas convicções, palavras, atos ou idéias, para
fins em desacordo com a sua vontade ou com os seus princípios. No entanto,
usa-se e abusa-se, todos os dias e em quase todos os lugares, do nome de Deus.
Não são poucos os que invocam farisaicamente o poder e o amor do Cristo para
proveito próprio, comerciando com as coisas santas e iludindo a boa-fé de irmãos
necessitados.
Nem por isso o Céu derrama sobre a Terra raios candentes de irada condenação,
atingindo de morte os desleais profanadores. O mandamento do Mestre, nesse
particular, é no sentido de que os seus discípulos orem e vigiem, firmes na fé,
com fidelidade inalterável ao bem, a fim de que a verdade e a justiça
naturalmente prevaleçam.
Não vale, pois, para os cooperadores do Senhor, o apelo precipitado a qualquer
violência, para justificar o zelo pela virtude ou a pretensa defesa da santidade
e da pureza.
Mais alto falarão, para esse fim, os exemplos cristãos dos fiéis seguidores do
Evangelho, uma vez que não será pela inconformidade ou pela força que se
alcançará no mundo o triunfo do bem.
Guardemo-nos, portanto, na segurança dos nossos bons propósitos, confiados no
poder superior, e deixemos que o clamor das heresias se desfaça por si mesmo, na
peneira do tempo.
Alex