Requisitos para a Humanidade Feliz
A medida que a violência se dilua na compaixão e a
agressividade se transforme em entendimento fraternal, prenunciando a Era Nova,
o Evangelho terá logrado o seu fanal na mente e no coração do homem.
Quando os quadros das tragédias e os repetidos holocaustos de povos e nações
forem páginas do passado transformadas em sabedoria e amor, orientando o futuro,
o Espiritismo terá realizado a grande etapa da “renovação social” da Humanidade,
ensejando aos governantes e ao povo mais justiça e direitos ao lado dos
inalienáveis deveres que a todos cumpre realizar.
No momento em que as fronteiras geográficas do mundo derrubarem as alfândegas, e
a fraternidade dê as mãos às mais diversas criaturas que, não obstante falando
os seus idiomas nacionais, utilizando-se da língua auxiliar, o Esperanto terá
modificado o painel do orgulho humano de raça, de cor, de cultura e origem
ancestral, podendo os homens reunir-se sob a árvore da solidariedade, porque
todos se entenderão mediante uma expressão única.
A vitória do Evangelho, do Espiritismo e do Esperanto, é inevitável, após as
hecatombes lamentáveis que derruem as estruturas da moderna e belicosa
civilização, que conquistou os espaços siderais, venceu as distâncias
geográficas, no entanto, não reuniu os homens sob a bandeira branca e neutra da
paz.
A cultura de origem materialista tem levado a imprevisíveis sofrimentos,
arrastando os seus aficionados para os calabouços da loucura ou arrojando-os na
direção dos abismos sem fundo do suicídio.
Os exércitos, emulados pelos símbolos nacionais, têm mutilado a vida em centenas
de milhões de seres humanos e as armas sofisticadas de teor destrutivo quase
inimaginável são representações da moderna estica de agressividade . . .
Os paises armam-se, atemorizados, enquanto a ignorância, o analfabetismo, a fome
e as doenças grassam inclementes nos Estados subdesenvolvidos e naqueles em
desenvolvimento.
É a moderna técnica de viver a paz, preparando a guerra.
Nas nobres e avançadas Nações de alto desenvolvimento tecnológico e econômico, o
estigma do medo, igualmente, permanece como marca do desespero mal dissimulado,
que decorre da expectativa negativa de uma irrupção guerreira com força de
extermínio total da Humanidade, transformando-as em depósitos de armamentos que,
deflagrados, poderiam destruir o planeta, enquanto a dor, em outras expressões,
governa as massas, apavoradas e vencidas por terríveis conjunturas íntimas e
coletivas.
Também aí se multiplicam o desemprego, as alucinações, as revoltas das minorias
raciais e sociais esmagadas, que, periodicamente, se levantam em paroxismos de
vingança, abalando as bases em que se firmam as civilizações frágeis, porque
fixados nas areias movediças das paixões dissolventes e dos interesses
subalternos.
Dizendo-se cristãos alguns desses povos, e materialistas outros, muçulmanos uns,
e budistas diversos, nivelados, no entanto, pela mesma ferocidade, afirmam que
lograram o ápice do processo civilizador. ..
Os cárceres do mundo encontram-se repletos de pessoas que, politicamente,
discordam de seus Chefes ou apenas são neutras; os direitos humanos muito
decantados ainda são pouco respeitados; a ecologia, agredida, vive aberrando o
equilíbrio da Natureza; o despautério continua engendrando lemas de dignidade
inexistente, e se afivelam às faces as máscaras de paternalismo deprimente por
falta de amor, ao lado de crueldade insana.
Ainda há pouco, monarcas banqueteavam-se com a carne dos inimigos que lhe
caíssem nas mãos, no sofrido solo da África negra; milhares de vidas foram e
prosseguem ceifadas pela força ou varridos por metralhadoras nos campos de
concentração da Ásia atormentada; incontáveis existências humanas eram e são
enclausuradas em manicômios ou exiladas para regiões inóspitas na Europa
exaurida; número volumoso de cidadãos desaparece e some, cada dia, das avenidas
e lares das Américas vencidas por ditaduras cruéis, enquanto as prisões são
insuficientes para conter o numero crescente de delinqüentes infelizes e de
opositores aos regimes no Novo Mundo, que ainda não gerou História, mas está
assinalado para a fraternidade futura.
Esta realidade dolorosa faz corar de pudor alguns conquistadores e “bárbaros” do
passado, como Xerxes, Ciro II, Assurbanipal, Nabucodonosor, Aníbal, Alexandre,
Júlio César, Átila, Gêngis Khan, Alarico e tantos outros que passaram,
temerários e odiados, admirados e infelizes, mas aos quais a morte venceu, na
batalha final, e o túmulo nivelou no pó, tenham sido inumados em mausoléus
faustosos, criptas luxuosas, grutas toscas, leitos de rios ou simplesmente
incinerados...
Também passarão novos Legionários da guerra e argonautas da destruição, à medida
que as luzes do Evangelho, do Espiritismo e do Esperanto diluírem as sombras
densas do ódio, da prepotência, da animalidade primitiva, que teimam em
predominar na consciência geral...
Nesse porvir que já se insinua, embora as lutas ásperas do presente, a
Homeopatia, com a sua dinamização energética idêntica à força vital, que vem
acompanhando a Humanidade, incompreendida desde Hipócrates até Samuel Hahnemann
e dele até agora, será elegida com o seu conceito do similia similubus curantur,
acompanhando o progresso da nova Humanidade que terá vencido a violência e
avança para o mundo melhor, o “reino de Deus”, que se estabelecerá na Terra,
conforme o previu Jesus.
O Evangelho dulcificando as almas, o Espiritismo equacionando os enigmas do
comportamento e amparando o homem, facultarão que o Esperanto – ou Evangelho dos
idiomas – una as criaturas numa só linguagem e a Homeopatia – ou Espiritismo da
Medicina – por identificar que os males físicos e psíquicos procedem do Espírito
encarnado, cuidará dos corpos e da mente dos homens, restabelecendo o “Paraíso
Perdido, na Terra, conforme a concepção de Milton e que Allan Kardec registrou,
do Espírito São Luís, em resposta à questão n° 1018, de O Livro dos Espíritos:
- Poderá jamais implantar-se na Terra o reino do bem?
“O bem reinará na Terra, quando, entre os Espíritos que a vêm habitar, os bons
predominem, porque, então, farão que aí reinem o amor e a justiça, fontes do bem
e da felicidade. Por meio do progresso moral e praticando as leis de Deus é que
o homem atrairá para a Terra os bons Espíritos e dela afastará os maus. Estes,
porém, não a deixaram, senão quando daí estejam banidos o orgulho e o egoísmo.
“Predita foi a transformação da Humanidade e vos avizinhais do momento em que se
dará, momento cuja chegada apressem todos os homens que auxiliam o progresso.
Essa transformação se verificará por meio da encarnação de Espíritos melhores,
que constituirão na Terra, uma geração nova. Então, os Espíritos dos maus que a
morte vai ceifando dia a dia, e todos os que tentem deter a marcha das coisas
serão daí excluídos, pois que viriam a estar deslocados entre os homens de bem,
cuja felicidade perturbariam...”
Ismael Gomes Braga