Solidariedade aos Tarefeiros Espíritas

"Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?"
"Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas”.-O Livro dos Espíritos - Questão 886

Precisamos rever nossos atos solidários para com o trabalhador espírita. Necessitamos repensar planos de serviço e priorizar o trabalhador para que o trabalho frutifique com mais abundância e utilidade geral.
Nossa referência não diz respeito, tão somente, a capacitá-lo para as responsabilidades doutrinárias, e sim em instrumentá-lo de condições emocionais para a vida. O endosso de nossa tese encontramo-lo na profunda solidão e amargura que têm carpido muitos servidores, que a despeito de estarem "prontos" para a tarefa, não se encontram preparados para viverem em paz.
O ponto de análise está na sutileza da relação entre estar pronto para ajudar e estar pronto a se ajudar.
Convencionou-se em nossas fileiras doutrinárias o amor ao próximo como sadio programa de vida e equilíbrio. Uma idéia correta, mas não completa.
A plataforma de amor dentro da ética universal, exarada pelo guia e modelo da humanidade, inclui também o amor a Deus e a si.
Quem se ama descobre os caminhos da autêntica liberdade.
Faz-se luz e amor a outros, contudo, todo espírita sincero deve indagar de si mesmo, freqüentemente, se está adquirindo sua própria luz como conquista inalienável.
O decantado encontro consigo mesmo, muita vez, é penoso, sacrificial.
O mau entendimento dessa questão moral tem ocasionado uma campanha intensa pelos exercícios de caridade organizada e distraído o espírito de resgatar-se a si próprio.
Ama-se muito o próximo, sem aprender a amar-se.
Sem generalizações, e muito menos desvalorizando as iniciativas assistenciais de nosso movimento, quase sempre essas tarefas constituem campos de treinamento do hábito de amar e da sensibilização do afeto para com o outro, sem apontar caminhos para como estabelecer o auto-encontro, o amor a si.
Os centros espíritas devem se empenhar na tarefa de ensinar a debater temáticas sobre a realidade íntima do ser, desdobrando-se em iniciativas preparatórias para que os servidores possam auferir mais amplas possibilidades em favor do próximo, mas, igualmente, de si mesmos.
A análise do Espírito Verdade sobre a caridade não deixa dúvidas. Benevolência, indulgência e perdão são movimentos íntimos da alma, caminhos da caridade para com o outro, mas acima de tudo é luz que se acende no coração e com a qual devemos iluminar o próprio destino.
Por isso, convém reunirmos os grupos doutrinários em eventos de debate e lançar a intrigante questão:
Por que expressiva parcela dos trabalhadores espíritas está gerando tanta luz para os outros e não a consegue reter em si mesmos?


Ermance Dufaux