Reuniões Espíritas
São muito claras para os espíritas as orientações contidas na Codificação Espírita de Allan Kardec, para a prática espírita. Especialmente na condução das atividades a que se dedicam. Dessas atividades, as reuniões mediúnicas estão entre aquelas que exigem conhecimento, pois "A experiência confirma todos os dias, nesta opinião, que as dificuldades e as decepções que encontram na prática do Espiritismo têm sua fonte na ignorância dos princípios desta ciência", conforme primeiro parágrafo da Introdução de O Livro dos Médiuns. Aliás, no mesmo livro, o capítulo XXIX (da segunda parte), intitulado Reuniões e Sociedades Espíritas, oferece precioso texto para estudo. Referido capítulo, além de uma classificação das reuniões espíritas, oferece ainda subtítulos sobre as sociedade espíritas (como o próprio título indica), assuntos de estudo e finalmente o último deles, que trata da rivalidade entre as sociedades. Como pode notar o leitor, capítulo que merece a devida atenção dos dirigentes e trabalhadores espíritas.
Sob a ótica do êxito das reuniões espíritas, sejam de estudo ou as chamadas reuniões práticas, o que é bastante notório é a importância do ambiente fraterno, conseguido através da homogeneidade dos pensamentos e da seriedade de que se devem revestir tais reuniões. Tal seriedade, sem ser carrancuda, é conseguida através da disciplina de seus integrantes, tanto com relação à assiduidade, como na busca incessante do objetivo de aprendizado, sem os desvios prejudiciais da simples curiosidade e até da leviandade que podem surgir.
Porém, Kardec aponta ainda um outro fator para o êxito das reuniões: a multiplicação dos grupos menores. Dentre as inúmeras fontes para a presente afirmação, transcrevemos alguns trechos da Revista Espírita 2:
a)"O aumento incessante dos adeptos demonstra a impossibilidade material de constituir numa cidade e, sobretudo, numa cidade populosa, uma sociedade única. Além do número, há dificuldade das distâncias, que são um obstáculo para muitos. Por outro lado, é sabido que as grandes reuniões são menos favoráveis às belas comunicações e que as melhores são obtidas nos pequenos grupos".
b)"Os grupos se formam naturalmente, pela afinidade de gostos, de sentimentos, de hábitos e de posição social; todos ali se conhecem..."
c)"O sistema de multiplicação dos grupos tem ainda como resultado, conforme o dissemos em várias ocasiões, impedir os conflitos e as rivalidades de supremacia e de presidência."
d)"Assim tudo trabalha em favor do sistema que propomos. Quando um primeiro grupo, fundado em qualquer parte, se tornar muito numeroso, que faça como as abelhas: que enxames saídos da colmeia materna fundem novas colmeias que, por sua vez, formarão outras".
Toda a questão se resume no fato de que os integrantes de qualquer reunião espírita devem buscar as ideais condições de uma proveitosa reunião nas disposições morais de seus integrantes. E isto só é conseguido através de:
a)perfeita identidade de objetivos e de sentimentos;
b)benevolência recíproca entre todos os membros;
c)abnegação de todo sentimento contrário à verdadeira caridade cristã;
d)desejo único de se instruir e se melhorar pelo ensinamento dos Espíritos e aproveitamento de seus conselhos;
e)exclusão da curiosidade;
f)recolhimento e silêncio respeitosos durante os diálogos.
Uma reunião espírita não é uma obrigação social e nem mesmo um local de disputas ou muito menos um balcão de consultas do além. Uma reunião espírita é valoroso laboratório de pesquisa, estudo e aprimoramento individual e coletivo. Nela deve ser buscado o conhecimento, mas esta busca necessariamente tem que estar inspirada pela sinceridade e pelo desejo humilde de aprender e se melhorar moralmente. Somente assim facilitamos e permitimos o constante trabalho dos espíritos que trabalham em prol do progresso humano. E, para isso, a fraternidade entre seus componentes é fator essencial...
Orson Carrara