Por Amor à Criança
Nós que tantas vezes rogamos o socorro da Providência Divina,
oremos ao coração da Mulher, suplicando pelos filhinhos das outras! Peçamos as
seareiras do bem pelas crianças desamparadas, flores humanas atingidas pela
ventania do infortúnio, nas promessas do alvorecer!...
Pelas crianças que foram enjeitadas nos becos de ninguém;
pelas que vagueiam sem direção, amedrontadas nas trevas noturnas;
pelas que sugam os próprios dedos, contemplando, por vidraças faustosas, a
comida que sobeja desperdiçada;
pelas que nunca viram a luz da escola;
pelas que dormem, estremunhadas, na goela escura do esgoto;
pelas que foram relegadas aos abrigos de lama e se transformam em cobaias de
vermes destruidores;
pelas que a tuberculose espia, assanhada, através dos molambos com que se
cobrem;
pelas que se afligem no tormento da fome e mentalizam o furto do pão;
pelas que jamais ouviram uma voz que as abençoasse e se acreditam amaldiçoadas
pelo destino;
pelas que foram perfilhadas por falsa ternura e são mantidas nas casas nobres
quais pequenas alimárias constantemente batidas pelas varas da injúria;
e por aquelas outras que caíram, desorientadas, nas armadilhas do crime e são
entregues ao vício e à indiferença, entre os ferros e os castigos do cárcere!
Mães da Terra, enquanto vos regozijais no amor de vossos filhos, descerrai os
braços para os órfãos de mãe!...
Lembremos o apelo inolvidável do Cristo: “deixai vir a mim os pequeninos”. E
recordemos, sobretudo, que se o homem deve edificar as paredes imponentes do
mundo porvindouro, só a mulher poderá convertê-lo em alegria da vida e carinho
do lar.
Emmanuel