Ler, Mas Ler O Quê?
Os espíritas estão suficientemente orientados a respeito da
importância da busca do conhecimento doutrinário através do estudo sistematizado
da obra espírita. Emmanuel muito bem nos alerta que a ignorância é uma
armadilha.
Sabemos também que vai uma distância entre saber que se deve fazer o estudo e
efetivamente realizá-lo, pois temos observado que muitos companheiros que
freqüentam a Casa Espírita há muitos anos ainda não se detiveram no estudo das
obras básicas da doutrina limitando-se àqueles estudos que podem participar nas
reuniões doutrinárias.
Muito importante é essa participação, mas cada espírita deve ir além dela
dedicando-se ao estudo das obras básicas com muito mais empenho que a leitura de
todas as novidades que chegam ao mercado editorial denominado de Espírita, mesmo
porque para a análise racional destas obras é necessário que, nós espíritas,
tenhamos como referência a Codificação Kardequiana.
Lembremos que o termo Espiritismo foi adotado por Kardec para diferenciar esta
doutrina de todas as outras doutrinas espiritualistas, portanto não basta que
uma obra se intitule espírita, cabe a cada um de nós, que a estamos lendo, ver
se os conceitos nela apresentados estão de acordo com o que consta de “O Livro
dos Espíritos”, “O Livro dos Médiuns”, O Evangelho Segundo o Espiritismo”, “O
Céu e o Inferno” e “A Gênese”.
Como poderemos fazer esta análise se não nos dedicamos ainda ao estudo das obras
citadas? Como já destaca artigo publicado em “Reformador” “...há muito
espinheiro com aparência de livro... Com um vasto mercado à frente, ávido por
obras espíritas, muitas pessoas disto se aproveitam escrevendo, editando,
distribuindo e vendendo obras de qualidade duvidosa, e o leitor, principalmente
o iniciante na doutrina, pode ser ludibriado.”
Destacamos ainda que tem sido considerado a importância do estudo dos 4 autores
que são conhecidos pela denominação de Consolidadores da obra de Kardec. São
eles: Léon Denis, Camille Flammarion, Gabriel Delanne e Ernesto Bozzano.
Uma amiga nossa com 80 anos, filha de espíritas, comentava que como no “seu
tempo de juventude” não havia tanta literatura espírita, a família, após estudar
as obras de Kardec, estudava com os filhos, sobretudo as obras de Léon Denis e
que isto lhe deu uma sólida base de conhecimento doutrinário, então quando a
literatura espírita se ampliou ela sempre lia comparando com o que havia
estudado e que isto lhe foi particularmente enriquecedor.
Hoje muitos livros espíritas são vendidos, mas pergunta-se: será que o público
que está lendo esses livros tem o referencial da Codificação para analisar o que
esta lendo?
A esta altura podemos cogitar que o leitor deve estar argumentando que o tempo é
escasso, portando tem que fazer uma opção de leitura e como a novidade editorial
é mais chamativa opta-se por ela.
O Reformador publicou uma sugestão que uma companheira de doutrina adotou, é um
programa de estudo das Obras Básicas que há alguns anos vem realizando de
maneira contínua. Cada dia lê seis páginas de uma das obras básicas, quando
termina aquela passa para outra e assim sucessivamente, desta forma a cada ano
essa companheira lê todas as cinco obras básicas e ainda estuda a literatura
complementar da doutrina.
Acatando a sugestão iniciamos esse processo há seis meses fazendo a numeração
contínua das páginas lidas, ao ser publicado este artigo já estaremos lendo a
quarta obra e a completar um ano do início do processo teremos percorrido todas
as obras básicas.
E qual o tempo gasto, poderá estar perguntando o leitor. São aproximadamente
vinte minutos diários, ou seja, 5475 minutos em um ano, o que significa 91,7
horas o que equivale a aproximadamente quatro dias de 24 horas. Será que não
podemos dedicar esse tempo ao estudo de Kardec para que não nos percamos em
eventual espinheiro de literatura dita espírita?
Nilza Teresa Rotter Pelá