O Irmão
Por que ajuízas, com ironia, sobre as obscuridades do irmão
que sobe dificilmente a montanha?
Quando atravessava a floresta, o pobrezinho julgou que o Amado lhe falava à
mente pela voz do trovão e lhe erigiu altares, enfeitados de flechas. Depois,
quando penetrou em outros círculos, acreditou que o Senhor pertencia tão-somente
a seu grupo e que as outras comunidades humanas eram condenadas...
Lutou, sofreu, feriu-se em dolorosas experiências.
O Amado, porém, jamais o deserdou, por isso. Deu-lhe novas forças, concedeu-lhe
oportunidades diferentes. Por vezes, buscou-o, no fundo dos abismos, como pai
carinhoso, em busca da criancinha abandonada. De tempos a tempos, fê-lo dormir,
no regaço, ao influxo de bendito esquecimento, para que o sol do trabalho lhe
sorrisse outra vez. I
Não observas em seu caminho áspero a tua própria história?
Não atormentes com palavras amargas o irmão que se eleva, laboriosamente, dando
ao mundo o que possui de melhor. Ama-o e faze-lhe o bem que possas.
Se já atingiste algum topo de colina, contempla as culminâncias que te aguardam,
entre as nuvens, e estende as mãos fraternas àquele que ainda não pode ver o que
já vês.
Eros