Entendimento
O cultivador do campo não prescinde do arado com que sulcará o
corpo da gleba.
O estatuário recorrerá ao buril para afeiçoar o mármore à idéia criadora que lhe
inflama a cabeça.
A criatura interessada na produção de reflexos mentais protetores de sua senda
não dispensará o entendimento por alicerce do trabalho renovador.
Entendimento que simbolize fraternidade operante.
Simpatia que se converta em fulcro de força atrativa, exteriorizando-nos a
melhor parte, para que a melhor parte dos outros se exteriorize ao nosso
encontro.
Todos somos compulsoriamente envolvidos na onda mental que emitimos de nós, em
regime de circuito natural.
Categorizamo-nos bons ou maus, conforme o uso de nossos sentimentos e
pensamentos, que, no fundo, constituem cargas de energia eletromagnética, com as
quais ferimos ou acalentamos, ajudamos ou prejudicamos, vitalizamos ou destruímos,
e que voltam, invariavelmente, a nós mesmos, impregnadas dos recursos felizes ou
infelizes com que lhes marcamos a rota.
Quando coléricos e irritadiços, agressivos e ásperos para com os outros, criamos
por atividade reflexa o desalento e a intemperança, a crueldade e a secura para
nós mesmos, e, quando generosos e compreensivos, prestimosos e úteis para com
aqueles que nos cercam, criamos, conseqüentemente, a alegria e a tranqüilidade,
a segurança e o bom ânimo para nós próprios.
Responde-nos a vida em todas as coisas e em todas as criaturas, segundo a
natureza de nosso chamamento.
Até o ingresso na Consciência Cósmica, todos os seres se distinguem pela face de
luz com que se alteiam para os cimos da evolução e pela face de sombra pela qual
ainda sofrem a influência da retaguarda.
A própria posição vulgar do homem na Terra vale por símbolo dessa condição
específica. Por cima o fulgor pleno do Sol, por baixo a escuridade do abismo.
Todos recolhemos do Pai Celeste os estímulos ao futuro e todos padecemos os
reflexos do passado a se nos projetarem sobre a existência.
Desatando, assim, as algemas do mal que nós mesmos forjamos em detrimento de
nossas almas, há que buscar o bem, senti-lo, mentalizá-lo e plasmá-lo com todos
os potenciais de realização ao nosso alcance.
Para começar, precisamos separar o criminoso da criminalidade, como o lavrador
que estabelece diferença entre o verme e a plantação, para abolir o domínio do
primeiro e enriquecer a utilidade da segunda. E assim como o trabalhador rural
extingue a praga, salvando a lavoura, é necessário que o nosso entendimento
improvise meios de auxiliar o companheiro que caiu sob o guante da delinqüência,
sem alentá-la.
Apequenar-se para ajudar, sem perder altura, é assegurar a melhoria de todos,
acentuando a própria sublimação.
Entretanto, só o culto infatigável do entendimento pode garantir-nos o
equilíbrio indispensável no serviço de autoburilamento em que devemos empenhar
os nossos melhores sonhos, de vez que apenas o amor puro é capaz de criar em
nossa mente a energia da luz divina, a expandir-se de nós em reflexos de
protetora renovação.
Emmanuel