Mensageiro

Abri minhalma para os sofredores
Na vastidão serena dos Espaços,
Eu que na Terra tive sempre os braços
Presos à cruz tantálica das dores.

Epopéias de Sons e de Esplendores,
E os prazeres mais pobres, mais escassos,
E o mistério dos célicos abraços,
Dos Perfumes, das Preces e das Cores;

Tudo isso não vejo e vejo apenas
O turbilhão das lágrimas terrenas
– Taça imensa de gotas amargosas!

Da piedade e do amor eu trago o círio,
Para afastar as trevas do martírio
Do silêncio das noites tenebrosas.


Cruz e Souza