Renunciar
“E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher,
filhos ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto e herdará a
vida eterna.” — Jesus (MATEUS, capítulo 19, versículo 29.)
Neste versículo do Evangelho de Mateus, o Mestre Divino nos induz ao dever de
renunciar aos bens do mundo para alcançar a vida eterna. Há necessidade,
proclama o Messias, de abandonar pai e mãe, mulher e irmãos do mundo. No
entanto, é necessário esclarecer como renunciar.
Jesus explica que o êxito pertencerá aos que assim procederem por amor de seu
nome.
A primeira vista, o alvitre divino parece contra-senso.
Como olvidar os sagrados deveres da existência, se o Cristo veio até nós para
santificá-los?
Os discípulos precipitados não souberam atingir o sentido do texto, nos tempos
mais antigos.
Numerosos irmãos de ideal recolheram-se à sombra do claustro, esquecendo
obrigações superiores e inadiáveis.
Fácil, porém, reconhecer como o Cristo renunciou.
Aos companheiros que o abandonaram aparece, glorioso, na ressurreição.
Não obstante as hesitações dos amigos, divide com eles, no cenáculo, os júbilos
eternos. Aos homens ingratos que o crucificaram oferece sublime roteiro de
salvação com o Evangelho e nunca se descuidou um minuto das criaturas.
Observemos, portanto, o que representa renunciar por amor ao Cristo. É perder as
esperanças da Terra, conquistando as do Céu.
Se os pais são incompreensíveis, se a companheira é ingrata, se os irmãos
parecem cruéis, é preciso renunciar à alegria de tê-los melhores ou perfeitos,
unindo-nos, ainda mais, a eles todos, a fim de trabalhar no aperfeiçoamento com
Jesus.
Acaso, não encontras compreensão no lar? os amigos e irmãos são indiferentes e
rudes?
Permanece ao lado deles, mesmo assim, esperando para mais tarde o júbilo de
encontrar os que se afinam perfeitamente contigo. Somente desse modo renunciarás
aos teus, fazendo-lhes todo o bem por dedicação ao Mestre, e, somente com
semelhante renúncia, alcançarás a vida eterna.
Emmanuel