Compaixão

Modera a exaltação dos teus sentidos,
Não te faças distante ou displicente,
Ouve as preces, as pragas e os gemidos
Da fornalha em que clama a luta ingente.

Passa e fita os olhares doloridos
Que traduzem a dor de tanta gente,
Qual se avistasses corações queridos
Rogando alívio à mágoa impenitente.

Serve, socorre e ampara a criatura
Que vagueia a pedir de porta em porta,
Revolvendo as entranhas na amargura.

Por ti mesmo, sê brando sem disfarce.
Liberta a luz do amor que te conforta
E anseia por sair a derramar-se...


Auta de Souza