A Passagem

Quantas vezes; julguei que morrer constituísse mera libertação, que a alma, ao se desvencilhar dos laços carnais, voejaria em plena atmosfera usando as faculdades
volitivas! Entretanto, se é fácil alijar o veículo físico, é muito difícil abandonar a velha morada do mundo.

Posso hoje dizer que os elos morais são muito mais fortes que os liames da carne e, se o homem não se preparou, convenientemente, para a renúncia aos hábitos
antigos e comodidades dos sentidos corporais, demorar-se-á preso ao mesmo campo de luta em que a veste de carne se decompõe e desaparece. E se esse homem complicou o destino, assumindo graves compromissos à frente dos semelhantes, através de ações criminosas, debater-se-á, chorará e reclamará embalde, porque as leis que mantêm coesos os astros do Céu e as células da Terra lhe determinam o encarceramento nas próprias criações inferiores.

Se o bem salva e ilumina, o mal perde e obscurece.

Livremo-nos do débito, para que não venhamos a mergulhar no resgate laborioso, e corrijamos o erro, enquanto a hora é favorável, evitando a retificação muita vez dolorosa.


Irmão Jacob