A Oportunidade
E todas as direções do planeta, observamos o homem do mundo perseguindo as
oportunidades.
De modo geral, todavia, as criaturas humanas não procuram senão a oportunidade
de uma situação de evidência transitória na Terra.
Encontram-se apressados os que buscam as grandes ocasiões do dinheiro, dos
títulos convencionais, das situações de destaque, dos desejos satisfeitos, sob o
ponto de vista planetário. Os homens, identificados no mesmo ideal mundano,
abraçam-se, na comunhão de interesse, nesses encontros fortuitos. Os demais
saúdam-se ligeiramente, em atitude suspeitosa, temendo a alheia intromissão nos
seus inferiores desígnios.
Essa, a estrada comum da vida sobre a Terra. E os que passam contemplando o céu
ou meditando na sabedoria da Inteligência Suprema que lhes facultou as belezas e
utilidades do caminho, para os seus semelhantes inquietos não serão de seu
tempo.
O homem vulgar, todavia, ainda não se capacitou de que essa corrida apressada
não é mais que uma oportunidade para morrer. Morrer, segundo a carne e segundo o
espírito também, porque as realizações materiais, quando não acompanhadas de
finalidade edificante, no plano definitivo da alma, podem conduzir aos débitos
mais escabrosos, em séculos de regeneração pungente e amarga.
Nessa movimentação desordenada das criaturas, muitas vezes, faz-se mister lançar
mão de sagrados patrimônios da consciência, sufocam-se as tendências mais
nobres, espezinham-se os melhores sentimentos.
Faltam a esses lutadores inquietos os valores legítimos da iluminação interior e
é por isso que, freqüentemente, vemos o político elevar-se para atender à
maquinaria da destruição, formar-se o sacerdote para a defesa de vãos
interesses, eleger-se o jurista para desviar o direito ou preparar-se o médico
para confundir o problema da saúde.
Quase todas as criaturas marcham ansiosas, na valorização da oportunidade falsa,
e chegam esgotadas ao término da luta, esbarrando na realidade da morte,
desprevenidas e infelizes.
É que o homem ainda não quis compreender que a maior oportunidade não poderia
sair da indigência de nossas mãos. Somos espíritos imperfeitos e não poderíamos
criar a oportunidade perfeita para a felicidade real. Só a sabedoria e a
magnanimidade de Deus podem conceder às nossas almas esse ensejo divino. E essa
oportunidade sagrada é a da Vida. O berço mais pobre e o corpo mais deformado
constituem essa concessão da Infinita Misericórdia. Representam a porta
consoladora, por onde o espírito humano regressa à valorosa oficina de trabalhos
que é a Terra. E somente quando a criatura sabe apreciar a extensão desse
ensejo, lendo a cartilha do esforço próprio, nas sendas mais penosas da
regeneração ou do aprendizado, terá descoberto a sua oportunidade definitiva de
glorificação e paz, porquanto, não mais estará edificando sobre a areia das
convenções do mundo, das pretensões científicas ou das galerias do falso
conhecimento, mas sim, na base imortal do sentimento e da justa razão. Dentro
dessas observações, devemos considerar que a mais elevada oportunidade de um
homem é a sua própria existência e a vantagem real dessa bênção reside na
iluminação definitiva do espírito.
O Mestre é Jesus.
A Escola é a Terra.
O Bem é o trabalho que aperfeiçoa.
O Adversário é tudo o que afaste a energia do serviço real com o Cristo.
Em vista dessas verdades, que o discípulo ponha mãos à obra de sua purificação e
ninguém espere um céu que não edificou em si mesmo.
Emmanuel