O Passe
Muita gente procura nos Centros Espíritas a prática denominada
pelos espíritas de passes. Seja porque verificam em si mesmos os benefícios
recebidos, seja porque as instituições oferecem esse atendimento ou mesmo porque
acostumaram-se a recebê-lo.
Mas, o que é o passe? Ele resolve? Como ocorre? O passe é prática comum nas
instituições espíritas. Está baseado na capacidade que tem o ser humano em
doar-se em favor de alguém ou de várias pessoas. Mas, doar o que? Doar de seu
carinho, de seu amor ao próximo, de sua atenção e vontade de auxiliar ou em
outras palavras, doar de sua própria energia – acrescida do amor transmitido
pela misericórdia divina – para o equilíbrio, a calma, e mesmo o tratamento da
saúde de alguém ou das pessoas atendidas.
O desejo de auxiliar o próximo, aliado à fé de quem quer doar e de quem quer
receber, transforma esses sentimentos fraternos em energias renovadoras que
beneficiam a saúde e restabelecem o equilíbrio. E tudo com o acréscimo de Deus e
de seus emissários que canalizam essas energias para a necessidade do atendido,
como se fosse uma transfusão. Ocorre, porém, que os passes constituem uma
terapia de superfície. Atenuam no momento, mas não removem a causa do problema.
A solução de uma perturbação, por exemplo, está na dependência direta da mudança
de comportamento ou do padrão mental de quem está passando pela necessidade de
receber um passe. Assim como uma enfermidade específica, diagnosticada pelos
médicos, requer determinado medicamento.
A solução, portanto, de nossas mazelas, de nossas perturbações, está em nós
mesmos, na melhora moral que possamos alcançar pelo próprio esforço, embora o
Centro Espírita possa oferecer o recurso auxiliar dos passes. Algo importante a
considerar é que o passe não deve tornar-se um vício, nem a pessoa dele
tornar-se dependente. Temos que desenvolver em nós mesmos a própria capacidade
de superação das dificuldades que estejamos enfrentando, através da prece e do
trabalho no bem. E buscar sim o passe, mas apenas como recurso adicional e na
necessidade.
Outra consideração não menos importante é que o passe orientado pelo Espiritismo
dispensa gestos especiais, posturas místicas ou qualquer outra prática que
violente o bom senso, a lógica e a razão, e principalmente qualquer atitude de
desrespeito com quem quer que seja. Toda prática é orientada pelo amor ao
próximo e pelo bom senso no seu uso.
Orson Carrara