Tolas Vaidades
A pergunta é objetiva, direta: “(...) Ó estúpido amor-próprio, toda vaidade e
louco orgulho, quando sereis substituídos pela caridade cristã, pelo amor do
próximo e pela humildade que o Cristo exemplificou e preceituou? (...)”.
É um parágrafo esquecido*, mas como é atual! E aí o próprio autor responde com
clareza: “(...) Só quando isso se der” – refere-se naturalmente à substituição
proposta e continua: “desaparecerão esses preceitos monstruosos que ainda
governam os homens, e que as leis são impotentes para reprimir, porque não basta
interditar o mal e prescrever o bem; é preciso que o principio do bem e o horror
ao mal morem no coração do homem.”
Nem sempre prestamos atenção nesses detalhes, ainda mais porque referido trecho
está em mensagem dentro do subtítulo O Duelo (que precipitadamente julgamos
ultrapassado), muito atual especialmente pelos duelos mentais, psicológicos,
emocionais e culturais tão em moda nas redes sociais. Sugiro ao leitor reler o
segundo parágrafo acima para sentir a abrangência e atualidade do texto. O
destaque fica para a expressiva afirmação: “não basta interditar o mal e
prescrever o bem; é preciso que o princípio do bem e o horror mal ao morem no
coração do homem”, que sugere com propriedade uma mudança em nossos hábitos e
costumes, individuais e coletivos.
Convenhamos que estamos tateando ter em nós o princípio do bem e ainda não temos
completamente horror ao mal – pois dele nos alimentamos, infelizmente. Como
afirma o autor, somente a caridade cristã – em sua ampla compreensão e prática –
pode substituir as bobagens das vaidades, do amor próprio em exagero e o louco
orgulho que nos leva a tantos desajustes. Ressalte-se: individuais e coletivos.
*Trecho constante em mensagem de 1861 selecionada por Kardec e inserida no
capítulo XII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, autoria de Um Espírito
Protetor.
Orson Carrara