Aflições e Livre-Arbítrio

Ao simples prenúncio do sofrimento logo te insurgiste contra Deus, assumindo uma posição rebelde e tomando uma atitude derrotista.
Quando foste, então, colhido pelos problemas, comezinhos, aliás e a todas as criaturas comuns, blateraste: “Deus me esqueceu!”
Convidado a uma mudança de comportamento sob o impositivo da dor, exteriorizaste a irritação, gritando: “Deus me abandonou!”
Instado ao crescimento espiritual e ao valor moral mediante a complexa engrenagem das provações redentoras, estertoraste com violência: “Deus está de mal comigo!”
Açodado pelas injunções do pretérito espiritual e pela aflição impelido à meditação, estrugiste: “Estou de mal com Deus!”
Surpreendido pela lei natural das condições humanas, que se estribam nas ações passadas de cada espírito em crescimento, a expressar-se em dificuldade e luta contínua, arrazoaste, finalista: “Deus morreu para mim!”
As tuas são reações emocionais infantis, que denotam a necessidade premente que tens de mais dores e mais aflições, a fim de organizares o mapa de crescimento e de burilamento interior.
Todas as criaturas ascendem ao bem mediante os contributos da experiência, na incessante luta a travar dentro de si mesmas.
Ninguém que transite na Terra aquinhoado por um regime de exceção.
A ganga, a impureza das gemas preciosas é retirada a golpes de escopros rudes e resistentes.
As arestas são sempre arrancadas através de hábeis esforços e de técnicas apuradas.
Imprescindível preservar o interior, de modo a preencher a finalidade a que se destina.
As aflições têm suas causas atuais no mau uso do livre-arbítrio, por impositivo do egoísmo individual.
A escolha errônea de comportamento gera as conseqüências lamentáveis para a retificação.
Entre uma e outra atitude a tomar, a livre opção traçará o destino feliz ou desventurado de quem a elege.
As causas anteriores das aflições se fixam nas experiências malogradas, nas reencarnações anteriores, decorrência, ainda, do livre-arbítrio utilizado erroneamente.
Em ti, portanto, os fatores causais das dores que te cumpre vencer a qualquer esforço.
Sem te deteres na rebeldia contumaz ou na dureza dos sentimentos apaixonados, aplica-te a produzir causas novas impeditivas de aflições. Assim, à medida em que resgatares as passadas, encontrarás os abençoados frutos da nova sementeira aguardando por ti, um pouco mais à frente.
Não procrastines os deveres nobres.
Um minuto de atenção a alguém angustiado poderá evitar-lhe o inditoso autocídio.
Uma observação gentil, quando convidado a opinar, certamente se fará valiosa junto aos que esperam ajuda.
Um gesto de simpatia, esquecendo o mal estar íntimo, criará solidariedade e interesse em tua volta.
Quantas coisas poderás fazer e de quantos recursos poderás dispor, se quiseres!
Muitas vezes tens dificuldade em discernir para acertar.
Não te olvides, porém, que as leis de Deus estão escritas na consciência de cada ser. Consulta-a, honestamente, e esta te responderá com segurança.
Se perdurar a dificuldade para que logres a opção feliz, ergue-te pela oração ao Senhor, suplicando-Lhe claridade mental. Ele te inspirará a gerares hoje as causas ditosas, a fim de que não seres surpreendido por novas e futuras aflições.


Joanna de Ângelis