Guerras
Quando Allan Kardec organizou O Livro dos Espíritos e o publicou em 1857, por
orientação dos Mentores da Humanidade, iniciando a codificação do Espiritismo
nos seus aspectos científico, filosófico e moral, dedicou um belo estudo sobre
as Leis morais que devem viger na sociedade.
No referido estudo, estabeleceu que a Lei Natural é a que expressa a divina,
portanto, a Lei de Deus, da qual se derivam outras de natureza ética e que,
através dos tempos, vêm propondo o progresso e a ordem da sociedade.
No passado, vultos notáveis nos diversos campos, especialmente, no filosófico e
religioso, têm proclamado regras que mais tarde se consolidaram como de justiça,
de sabedoria, de moral, de solidariedade e finalmente de amor.
A Jesus coube a tarefa de demonstrar que o amor que de Deus emana é a fonte
geradora de vida e que, por isso, essa é a mais importante de todas, ao
iniciar-se pelo amor a Deus.
Fundamentando-se nessa lei fundamental para a felicidade dos seres humanos, o
Espiritismo proclama a caridade como o solo sublime onde ele se expressa.
Arrancou a esmola do sentimento solidário e propôs transformar as suas migalhas
em salários dignos de tal forma que a igualdade pudesse abraçar todos os
indivíduos num só movimento, dando lugar ao surgimento da solidariedade e seus
derivados.
Deteve-se, o insigne pedagogo, também, nas Leis de Destruição, cujos fatores
sempre conspiram contra o bem e a plenitude, sendo esses flagelos destruidores
muito comuns em todas as épocas. Entre eles destacam-se as guerras, conforme a
questão 742 do referido livro:
Qual a causa que leva o homem à guerra?
Predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e satisfação das
paixões. No estado de barbárie, os povos só conhecem o direito do mais forte,
daí, porque, para eles, a guerra é um estado normal. À medida que o homem
progride, a guerra se torna menos frequente, porque ele evita suas causas. E
quando se torna necessária, sabe fazê-la com humanidade.
Neste momento, a civilização encontra-se na terrível encruzilhada de uma guerra,
em face dos fatores destruidores que estão em jogo e as ameaças entre as grandes
nações.
Ademais das que já se vêm arrastando dolorosamente e esmagando povos que lhe
padecem a injunção, gerando tormentos em todo o mundo, treinamentos belicosos em
algumas fronteiras prenunciam calamidades terríveis para o ser humano.
A guerra é o fruto espúrio dos sentimentos que decorrem da evolução do ser.
Herança do primário instinto de conservação da vida, o ser tem o egoístico
dominador e a nada respeita no comportamento, tornando-se belicoso e perverso.
Necessitamos com urgência voltar a viver os ensinamentos de Jesus e aprendermos
a amar.
Divaldo Franco