Estrelas
Beija essas mãos que alentas e que afagas,
Quando és bondade apenas, branda e pura,
Mãos engelhadas, mãos em miniatura,
Mãos trêmulas, mãos tristes, mãos em chagas!...
Mãos que recordam náufragos, nas vagas
De atormentado mar, em noite escura,
Mãos que ensinam, em preces de amargura,
Quão pequenina a dor em que te esmaga!...
Beija essas mãos cansadas, quase mortas,
Flores de sangue e fel que reconfortas,
A estender-lhes consolo, pão e ninho.
E, quando a morte apague a luz que levas,
Essas mãos, como estrelas sobre as trevas,
Brilharão por degraus de teu caminho!...
Auta de Souza