Sob Humildes e Disformes Aparências
Nem sempre temos isso em consideração. Leia comigo o comentário de Léon
Denis:
“Consolai-vos, pois, vós todos que sofreis, esquecidos na sombra de males
cruéis, e vós que sois desprezados por causa da vossa ignorância e das vossas
faculdades acanhadas. Sabeis que entre vós se acham Espíritos eminentes, que
abandonaram por algum tempo as suas faculdades brilhantes, aptidões e talentos,
e quiseram reencarnar como ignorantes para se humilharem. Muitas inteligências
estão veladas pela expiação, mas, no momento da morte, esses véus cairão,
deixando eclipsados os orgulhosos que antes as desdenhavam. Não devemos
desprezar pessoa alguma. Sob humildes e disformes aparências, mesmo entre os
idiotas e os loucos, grandes Espíritos ocultos na matéria expiam um passado
tenebroso.
Oh! vidas simples e dolorosas, embebidas de lágrimas, santificadas pelo dever;
vidas de lutas e de renúncia, existências de sacrifício para a família, para os
fracos, para os pequenos, mais meritórias que as dedicações célebres, vós sois
outros tantos degraus que conduzem a alma à felicidade. É a vós, é às
humilhações, é aos obstáculos de que estais semeadas que a alma deve sua pureza,
sua força, sua grandeza. Vós somente, nas angústias de cada dia, nas imolações
da matéria, conferis à alma a paciência, a resolução, a constância, todas as
sublimidades da virtude, para então se obter essa coroa, essa auréola
esplêndida, prometida no espaço para a fronte dos que sofrem, lutam e vencem!”
O precioso trecho é de Léon Denis, no livro Depois da Morte (edição CELD),
constante no capítulo 50 – Resignação na Adversidade (Quinta Parte – O Caminho
Reto). É um belo convite para renunciarmos à tendência ou às seduções do
desprezo aos esforços ou às aparências alheias. Estamos todos muito além das
aparências... A vida é mais do que parece.
Orson Carrara