Dizem-nos Hoje os que Suportaram Agonias
“Padeci, e só os sofrimentos é que me tornaram feliz. Resgataram muitos anos
de luxo e de ociosidade. A dor levou-me a meditar, a orar e, no meio dos
inebriamentos do prazer, jamais a reflexão salutar deixou de penetrar minha
alma, jamais a prece deixou de ser balbuciada pelos meus lábios. Abençoadas
sejam as minhas provações, pois finalmente elas me abriram o caminho que conduz
à sabedoria e à verdade.” (em comunicação recebida pelo autor). Eis a obra do
sofrimento! Não será essa a maior de todas as obras que se efetuam na
Humanidade? Ela se executa em silêncio, secretamente, porém os seus resultados
são incalculáveis. Desprendendo a alma de tudo o que é vil, material e
transitório eleva-a, impulsionando-a para o futuro, para os mundos que são a sua
herança. Fala-me de Deus e das leis eternas. (...) uma longa vida de dores, de
males suportados pacientemente, é muito (...) fecunda para o adiantamento do
Espírito. (...). Todas essas vidas obscuras e mudas, existências de luta
silenciosa e de recolhimento, tombam no olvido, mas, esses que as enfrentaram
encontram na luz espiritual a recompensa. Só a dor pode abrandar o nosso
coração, avivar os fogos da nossa alma. É o cinzel que lhe dá proporções
harmônicas, que lhe apura os contornos e a faz resplandecer em sua perfeita
beleza. Uma obra de sacrifício, lenta, contínua, produz maiores efeitos que um
ato sublime, porém insulado.”
O trecho acima é de Léon Denis, no livro Depois da Morte (edição CELD),
constante no capítulo 50 – Resignação na Adversidade (Quinta Parte – O Caminho
Reto). O destaque da comunicação por ele recebida inspirou seu lúcido raciocínio
que nem sempre conseguimos enxergar. A dor, o sofrimento tem função educativa.
Não a queremos, convenhamos, mas é preciso enxergar além, para compreender sua
nobre missão em nosso favor.
Orson Carrara