Infância
Esse vaso de fina porcelana
Que cintila,
Antes de erguer-se, em forma soberana,
Era simples argila.
O rio que o sol beija em ondas de ouro,
Nas planícies amenas,
Era no nascedouro
Um fio de água apenas.
A laranjeira, em pomos tentadores,
Que se eleva e domina,
Antes de ser perfume, seiva e cores,
Era pobre semente pequenina.
O homem que exprime as glórias da consciência
Com o verbo claro e terso,
Antes de ser o herói da inteligência,
Era uma flor no berço.
Se almejas profligar o mal sem medo,
Na suprema reentrância,
Educa, meu amigo, enquanto é cedo,
O coração da infância.
Antônio Furtado