União e Unificação
Introdução
Ninguém desconhece os benefícios oriundos da união de pessoas, ideias e grupos
ou instituições, para expansão dos ideais enobrecedores que dignificam a vida e
seus tão variados desdobramentos. Inclusive no movimento espírita, óbvio. E são
muito conhecidos os esforços nessa direção, com prodígios em favor da causa,
especialmente pela condução de Bezerra de Menezes, ainda em seu primeiro mandato
como Presidente da Federação Espírita Brasileira e pelas ações que se seguiram
mesmo após sua desencarnação. Inclusive com a conhecida mensagem Unificação,
psicografada por Chico Xavier em 1963 e largamente utilizada e divulgada. Aliás,
diga-se, o conhecido Benfeitor não se cansa nas recomendações nessa direção,
considerando, claro, sua magna importância.
A propósito, nunca é demais recomendar a leitura, conhecimento e divulgação da
citada mensagem. Aos novatos – de idade ou aos que agora chegam – e também aos
veteranos (até para que nos recordemos das preciosas orientações e não as
percamos de vista). Será fácil a qualquer leitor a encontrar com as facilidades
das buscas virtuais. Basta digitar no navegador de pesquisa: Unificação –
Bezerra de Menezes. Nessa ordem de raciocínio, sugerimos também ao leitor
pesquisar igualmente o valioso documento Orientação aos Órgãos de Unificação, da
Federação Espírita Brasileira, facilmente encontrável digitando-se o próprio
título em texto integral, fruto de revisão e aprovação do Conselho Federativo
Nacional, em 2020.
A expressão União e Unificação deve ser entendida na direção de ações
conciliatórias, solidárias, sem qualquer imposição, constrangimento ou
desrespeito à liberdade. Ela representa, isto sim, disposição e boa vontade na
direção do objetivo maior: a causa espírita, que valoriza iniciativas, respeita
a liberdade e a independência e age sempre no sentido do auxílio, da orientação,
prevalecendo a decisão coletiva, no intercâmbio das experiências. Note-se que
quando se afirma decisão coletiva, busca-se o consenso dos pontos comuns a bem
do objetivo maior, levando-se em conta as propostas apresentadas em plenários
constituídos e eleitos pelos próprios integrantes, que, por sua vez, representam
outros órgãos e instituições, o que faz alcançar resultados benéficos, práticos
e coletivos.
Na referida mensagem Unificação, encontramos a diretriz básica: “(...)
mantenhamos o propósito de irmanar, aproximar, confraternizar e compreender
(...)”. A frase usada pelo Benfeitor traduz como fazer... Esse manter o
propósito é o grande segredo, ao invés de nos fecharmos nos propósitos
exclusivistas.
E no mundo digital?
Com a explosão da virtualidade, como entender o processo todo da União e
Unificação? São possíveis?
Uma análise superficial da realidade que vivemos intensamente nos dias atuais já
mostrou que sim. Facilitou-se a aproximação, derrubou-se barreiras e paradigmas,
nivelou-se pessoas, grupos e instituições, extinguiu distâncias, inclusive
internacionais.
Vários aspectos para que as duas ações aconteçam podem ser citados e refletidos
por todos nós, até para que os aperfeiçoemos para melhor utilização:
a) Fortalecimento do ideal (nos estudos e variadas ações) nos grupos de uma
mesma instituição ou cidade, extinguindo-se totalmente as fronteiras
geográficas;
b) Flexibilidade de horários (nos estudos, na divulgação e ações
administrativas), igualmente como acima anotado, com grande facilidade de
agendamentos;
c) Redução drástica de custos nos deslocamentos, refeições e hospedagens,
facilitando muita a expansão e divulgação doutrinária espírita;
d) Aproximação natural e multiplicação dos contatos – muitos intercâmbios se
estabeleceram entre pessoas, instituições, grupos, cidades, estados e países,
aproximando e unindo esforços, estabelecendo sintonias extraordinárias;
e) Preenchimento de espaços vazios – a virtualidade preencheu espaços de pessoas
solitárias, acamadas, com restrições de deslocamentos e impedimentos variados;
f) Derrubou o equivocado conceito de “minha casa” – A suposta e limitante
proposição de “minha casa” cedeu lugar à “nossa causa”, ampliando a noção do
trabalho coletivo;
g) Valores descobertos – Notáveis trabalhadores espíritas, ocultos pelo
anonimato, surgiram agora oferecendo agora sua contribuição na expansão da ideia
espírita, com legados importantes na história do movimento, ainda que localizado
numa instituição ou cidade;
h) Burocracia perdeu lugar – Decisões antes lentas e complexas ganharam ações
mais práticas, facilitando ações variadas.
i) E talvez o mais importante: a fraternidade – Amigos se fizeram, se
reencontraram, estabelecendo laços de fraternidade legítima que se desdobraram
em ações concretas em favor da expansão da ideia espírita, em suas ações.
Talvez se pergunte o leitor sobre isolamento social, ausência de convivência
presencial ou distanciamento sob vários aspectos. É verdade, mas note-se que,
apesar das limitações todas, conseguimos conviver e tais etapas estão sendo
vencidas gradativamente.
Podemos, pois, afirmar sem receio, que as vantagens foram admiráveis e muito
maiores que os reais aspectos negativos também existentes, na saúde e na
economia. Vistos, todavia, com o olhar da experiência adquirida e de nossa
condição imortal, os benefícios foram e estão sendo maiores. Os prejuízos e
limitações são passageiros, por mais que perdurem, e as lições ficam para
sempre.
Por outro lado, aprendemos – ainda que em muitos casos precariamente – a
utilizar as plataformas, que estão sendo gradativamente também aperfeiçoadas.
Tornaram-se instrumentos muito hábeis e úteis de divulgação e vivência espírita.
A alegação de lives ou gravações distorcidas da realidade doutrinária, por sua
vez, desaparecem no universo de bons conteúdos disponíveis e diariamente
produzidos.
Conclusão
A meu ver – e ninguém precisa concordar com isso – penso que o maior dos
benefícios foi a oportunidade oferecida para que todos apareçam, cresçam, e,
claro, aprendam. Tanto a estudar, a divulgar, a refletir, como a se aproximar de
vultos antes inacessíveis por razões variadas e que agora dialogam como iguais –
o que realmente somos, apesar de todas as nossas diferenças pessoais. Com tudo
isso, paramos de falar apenas para nós mesmos. Apesar do acréscimo de
responsabilidade, saímos da instituição para colocar o conhecimento à disposição
do planeta (não tenhamos dúvida que está muito próximo das plataformas terem
tradutores simultâneos para os diferentes idiomas), o que significa levar o
conhecimento espírita, com sua grandeza, para o imenso público planetário,
traduzindo-se, pois, isso, como benção para a Humanidade.
Ouso pedir que reflita comigo, leitor, relendo os itens acima enumerados, para
ampliar, com sua visão, os aspectos ali colocados.
Orson Carrara