Voz de Deus
Onde se ouvirá a voz de Deus, neste Universo majestoso em contínua expansão?
Nos infinitos aglomerados de galáxias, que bailam magicamente no Cosmo
imensurável, ou nas micropartículas que formam os ciclópicos mundos adornados de
fogo e matéria em ebulição, que as mentes mais audaciosas apenas podem conceber,
por mais avançadas sejam as suas percepções?
Examinando-se a Terra, esse ponto quase insignificante da gentil e bela Via
Láctea, os mais complexos e extenuantes cálculos matemáticos registram-na, no
conjunto em que se encontra, como pequenino sinal perdido na imensidão.
Estará a voz de Deus no delicado aroma das violetas que, pisadas, continuam
recendendo perfume nas patas selvagens dos animais que as esmagaram? Ou talvez
na tempestade que devasta a Natureza e a satura de raios destruidores, deixando
tudo revolto e destroçado?
Será ouvida em cada amanhecer e entardecer, através dos pássaros em gorjeios
celestiais, que desatam melodias refinadas que flautas de prata e violinos
dulçorosos somente as copiam?
Provavelmente, essa voz ressoa nos filhos dos animais tombados nos locais em que
se escondem na furna e estão ameaçados de morte? É bem provável que, nas guerras
entre as nações, o clamor das multidões sendo dizimadas sensibilizou-O, e Sua
voz veio em seu socorro?...
A voz de Deus parece silenciosa neste momento em que a Terra, havendo atingido o
seu mais alto grau de tecnologia, estertora nas multidões enlouquecidas que
perderam a ética existencial, o sentido nobre de viver, atirando-se nos
calabouços do prazer.
Houve tempos, em Israel, que a boca dos Céus silenciou por mais de quatrocentos
anos e não se ouviu o som de qualquer profecia falando da realidade divina, que
o povo menoscabou na correria desesperadora das orgias e bacanais.
A atualidade faz lembrar os dias de Sodoma e Gomorra, quando o fogo dos Céus as
destruiu.
Neste momento, é a peste traiçoeira que ataca sem compaixão e aplica os acúleos
férreos da sua maldade nas pessoas avisadas como nas descuidadas.
A soberba e o ódio, a insensatez, que caracterizam as populações quase sempre
afortunadas em tecnologia e empobrecidas em sentimentos de amor à vida, facultam
o caldo de cultura para que a peste e suas sequelas dizimem as vítimas
desestruturadas para os sofrimentos libertadores.
A voz de Deus ecoa hoje nas vozes dos imortais que nos convidam à reflexão e à
ordem, ao respeito às Leis do Universo e aos objetivos do renascimento na carne.
Adotando o comportamento materialista e matando Deus, caminha-se na orfandade da
Causa existencial, atropelando os desafios auxiliares para o renascimento
espiritual e a convivência com a vida plena.
Faze silêncio e ouve a voz de Deus.
Divaldo Franco