Pés e Paz
Expressiva a decisão de Jesus, lavando os pés dos discípulos.
Recordemos que o Senhor não opera a ablução da cabeça que pensa, vê e ouve,
traduzindo o sentimento com os dons divinos da reflexão e com as faculdades
superiores da palavra, nem lhes alimpa as mãos que trazem consigo a excelência
dos recursos tácteis para a glorificação do trabalho e a muda linguagem dos
gestos, que exprimem afetividade e consolação.
Lava-lhes simplesmente os pés, base de sustentação do corpo e implementos da
criatura física que entram em contacto com a lama e o pó da terra, padecendo
espinheiros e charcos.
E purifica-lhes semelhantes apêndices, necessários à vida humana, sem reproche e
sem queixa.
Lembremo-nos, pois, do ensinamento sublime e lavemos os pés uns dos outros, com
a benção da humildade, no silêncio do amor puro que tudo compreende, tudo
suporta, tudo santifica e tudo crê, porquanto apenas tolerando e entendendo a
poeira e o lodo que ainda repontem dos caminhos alheios, é que redimiremos os
nossos, atingindo a verdadeira paz..
Emmanuel