A Caridade do Respeito
A palavra caridade, tão conhecida das pessoas e instituições que a ela se
propõem, nem sempre é bem entendida. Raras vezes é bem praticada.
De um modo geral, os que nos dispomos a exercê-la, não atentamos para um detalhe
de suma importância.
Estamos tratando com pessoas. Homens, mulheres, crianças. Todos têm, como nós,
seus gostos, suas vontades.
Como nós, eles gostam de algum alimento e não de outros. Apreciam uma fruta e
não outra.
Como nós eles gostariam, por vezes, mais de um pedaço de chocolate, do que um
pão com manteiga ou margarina.
Podem estar com fome mas como nós, sonham em saborear esse ou aquele prato.
Então, seria de nos perguntarmos por que devemos servir sopa todos os dias,
quando abrimos nossa instituição para saciar a fome dos que a padecem.
Será que não poderíamos variar um pouco o cardápio, até mesmo tendo mais de uma
opção para que a pessoa possa escolher?
Talvez digamos que isso é um luxo. Seria importante nos colocarmos no lugar de
quem está recebendo o prato de comida.
Não gostaríamos que, vez ou outra, ele fosse diferente? Tivesse outro sabor?
Isso se chama respeito ao nosso irmão.
E se falarmos de roupas e calçados, pensamos que o outro pode gostar do laranja,
mas não do verde?
Que gostaria de receber um calçado que realmente pudesse usar, que servisse no
seu pé?
Alguns de nós simplesmente damos, sem permitir que a pessoa opte por esse ou
aquele tipo de agasalho.
Temos a ideia equivocada de que quem está precisando de ajuda deve aceitar o que
lhe seja ofertado.
Sim, o necessitado engole sua vontade, e veste o que lhe damos porque o frio o
castiga.
Quanto melhor se sentiria se lhe permitíssemos a escolha.
Ou termos, ao menos, o gesto gentil de lhe dizer: Amigo, não sei se lhe pode
servir, mas é o que tenho.
Gostaria de vestir, de calçar?
Isso é tratamento de um ser humano a outro ser humano, um irmão a outro irmão.
A recomendação do Cristo é de fazermos aos outros o que gostaríamos que nos
fizessem.
Então, temos que nos questionar se gostaríamos de vestir uma roupa de número
cinquenta, quando nosso manequim é quarenta e dois, se calçaríamos um sapato
quarenta quando nosso número é trinta e seis.
Temos ainda que nos perguntar se comeríamos algo que detestamos, ou se
ouviríamos uma música que nos irrita, enquanto nos alimentamos.
Tudo pelo simples fato de que a necessidade nos visita.
Olhemos aquele que nos busca, com respeito. Se nada tivermos que lhe possa
servir, digamos-lhe.
Mas olhemos nos olhos dele, falemos como quem se importa, verdadeiramente.
Muitos que buscam a caridade alheia são pessoas que mais do que o pão, o
agasalho, o abrigo, precisam de um coração que os abrace, de um olhar que os
descubra visíveis, gente como toda gente.
São mães que buscam corações sensíveis que as ajudem a manter vivos os filhos
queridos.
Há filhos órfãos que precisam encontrar uma mão estendida para os livrar das
garras da morte.
Há pais de família que, mesmo trabalhando de sol a sol, não ganham o suficiente
para manter a família.
Pensemos nisso e atendamos com respeito e amor aos nossos irmãos!
Momento Espírita