Casualidade
Ocorre com frequência múltipla um fenômeno curioso que vem merecendo diversas
explicações através do tempo e que muito interessou ao notável psiquiatra suíço
Carl Jung.
São encontros inesperados, experiências diversas que se apresentam idênticas
como antipatias geradoras de problemas e de desafios.
O insigne mestre suíço denominou-o como sincronicidade, definindo a perfeita
sintonia entre uma e outra pessoa no mesmo acontecimento. Sem dúvida, é uma
fantástica coincidência em perfeita ação sincrônica, todavia, pensamos nos
fatores que constituem o modus operandi para que aconteça.
Uma filha muito querida estava em um ônibus com destino a Itapoan. Subitamente,
entrou no mesmo um jovem alemão em estado de imensa comoção. Informava que
estava de volta ao seu país, quando foi assaltado por marginais que lhe tomaram
a mochila onde se encontravam seus documentos e dinheiro, inclusive a
passagem...
Embora ignore totalmente o idioma de Goethe, a moça tentou falar-lhe com
dificuldade em inglês, confortando-o. Resolveu ajudá-lo e seguiu-o até o
aeroporto. Levou-o à polícia para denúncia, conseguiu autorização para o
passaporte e emprestou o dinheiro da passagem ao desconhecido, conseguindo
auxiliá-lo na situação perturbadora.
Ele, muito comovido, informou-lhe que voltaria a Salvador, a fim de
restituir-lhe o valor e demonstrar-lhe sua gratidão. Anotou alguns dados da sua
benfeitora e partiu. Tratava-se de uma jovem com 20 anos de idade, boa aparência
e muito gentil.
Passaram-se seis meses e, certo dia, ela recebeu comunicação de que o rapaz
estaria de volta. Ela quase não recordava da ocorrência. Na data anunciada ele
chegou, foi recebido pela benfeitora, cumpriu a promessa de restituir-lhe o
valor e conversaram. Coincidiu que, nesse período, ela resolveu estudar mais o
inglês e, curiosamente, ele teve o mesmo desejo em seu país de o fazer.
Puderam comunicar-se melhor e perceberam possuir afinidades muito agradáveis, no
que resultou um namoro, que se transformou mais tarde em matrimônio. Ela foi
residir na Alemanha, tornou-se mãe de duas lindas meninas. Oportunamente, numa
breve viagem em que a filha conduzia o automóvel, houve um lamentável acidente
no qual a condutora desencarnou.
Pode-se avaliar o sofrimento dos pais, que souberam resistir ao impacto da
tragédia...
Para nós, os espíritas, essa casualidade é, em verdade, portadora de uma
causalidade. Raramente o acaso é responsável por notáveis acontecimentos. Tudo
quanto nos acontece tem uma causa desconhecida. A reencarnação aproxima aqueles
que são afins e se amam, como afasta outros que se antagonizam.
Divaldo Franco