Escorrendo pelas Paredes
O pequeno garoto sofria há dias de uma difícil dor de cabeça que não lhe dava
tréguas. Prostrado, preocupava os pais, pois se apresentava também febril e os
medicamentos não surtiam efeito.
Procuraram ajuda. A vinda daquela bondosa senhora, sempre disposta a atender e
socorrer os dramas humanos decifrou o enigma. Ao adentrar a casa, com a
ampliação de sua visão mediúnica, pode perceber pelas paredes da casa focos de
lama, como verdadeiras gosmas que escorriam pelas paredes, pingavam do teto,
causando grandes prejuízos ao ambiente doméstico.
Ao entrar no quarto do garoto, percebeu-o fluidicamente atolado no líquido
lamacento, causa da forte dor de cabeça e do estado febril.
A causa desses focos fluídicos de lama? O palavreado do pai. Habituado a
palavrões, xingamentos, projetava no ambiente da casa o resultado de suas
emanações mentais. A cada palavreado de revolta, a cada agressão verbal, a cada
palavrão, a vibração de seus sentimentos através da voz agressiva projetava no
ambiente do lar o resultado de seus desequilíbrios.
A prece no ambiente dava a sensação de uma pá que juntava o lixo para jogá-lo
pela janela, limpando aquelas vibrações pesadas espalhadas pelo pai descuidado.
E como isso impressionava vivamente o garoto, que absorvia a agressividade do
próprio ambiente!
O cuidado com o que pensamos e falamos é vital para a paz interior e para a
harmonia da família. O pensamento é capaz de construir o edifício grandioso de
nossa felicidade ou o abismo de nossas perturbações. E o que pensamos acaba se
transformando em ações...
Cuidar da voz, da seleção de palavras que não firam a dignidade e que sintonizem
com o bem geral que deve nortear nosso comportamento é mais importante do que
imaginamos. Ocorre que o que pensamos, o que falamos, atrai e sintoniza
vibrações que se assemelham.
O que fazemos, o que falamos, atrai para o ambiente onde vivemos vibrações que
podem ser de harmonia ou de desarmonia, de paz ou de profundas perturbações.
Trata-se apenas de selecionar o que é bom para que tenhamos conosco o mesmo bem
que desejamos. O bem é sempre o bem, não tenhamos dúvida.
A propósito, é oportuno ler o que escreveu Lúcius, através da psicografia de
André Luiz Ruiz, no notável livro Despedindo-se da Terra: “(...) Cada palavrão
desferido por uma boca frouxa, acostumada aos xingamentos como forma de
desafogo, é comparável a um caminhão de lixo que verte sua caçamba no interior
do ambiente, repercutindo, não apenas nas vibrações escuras que ficam
reverberando pela atmosfera do lar, como atingem a cada um dos seus integrantes,
na medida de suas sensibilidades, produzindo mal-estar, revolta, depressão,
sofrimento, lágrima, raiva, ou desencadeando nova onda de palavras chulas que os
outros possam atirar-lhe em forma de revide verbal ou mental. Não bastando isso,
a degeneração fluídica que uma única expressão é capaz de iniciar, pode abrir as
portas da estrutura familiar para o ingresso de um sem número de Espíritos
inferiores que, posicionados nos arredores (...) se vêem atraídos por aquele
choque magnético que eles identificam (...) Desse jeito, a casa vai sendo
ocupada por todo tipo de entidades sofridas ou maldosas que, por sua vez, saem
em busca de seus amigos e os trazem para a nova moradia, piorando o estado geral
da vibração coletiva (...)”.
Nada mais tenho a acrescentar diante de tão claros e lúcidos argumentos.
Orson Carrara