Em Paz ou Torturados pelo Remorso?
Imagine o leitor o arrependimento, o remorso, nos estados mais expressivos
causando perda de sono, de apetite e até afetando o encanto da alegria de viver.
Somam-se a ele as angústias próprias das preocupações, de variadas origens,
agravadas muitas vezes com as dificuldades de relacionamento, com medos e outros
estados.
Por outro lado, considere os estados de tranquilidade da alma pacificada. Sim,
aquela decorrente da paz de consciência que traz alegria e harmonia que influem
diretamente nos relacionamentos, na produtividade do trabalho, no bem-estar
familiar.
Pois esses são estados de consciência, que se pode ampliar também para as noções
do dever familiar ou profissional e da consciência como cidadão, como cristão.
Mas não é esse ângulo que queremos destacar. Objetivo é mesmo destacar esses
tormentos próprios da ausência da paz de consciência ou da harmonia decorrente
exatamente também, agora presente, da paz de consciência.
Há milênios destaca-se a existência de um céu e de um inferno, mas eles nada
mais são que estados de consciência. É ingenuidade imaginar um céu de ociosidade
ou de contemplação eterna, sem atividade, o que tornaria o céu um outro inferno.
Ou, ao mesmo tempo, imaginar um inferno destinado ao sofrimento eterno, sem
possibilidade de libertação e ainda entregue ao comando de um ser que o próprio
Deus não poderia comandar, na figura infantil do chamado e desacreditado diabo.
Não existem o céu e o inferno. Estes podem existir desde já no interior de cada
um de nós, de acordo com nossas posturas morais e comportamentos que adotamos.
O que existem são estados de consciência, que pode estar em paz ou torturada
pelo remorso, pelo arrependimento.
Diabo somos nós quando nos alimentamos de inveja, de ciúme, de rancor, de desejo
de vingança, de avareza, quando agimos nos bastidores para manipular e
benfeitores somos quando usamos o perdão, a benevolência, a humildade, a
solidariedade.
Não há o castigo do inferno ou a premiação da ociosidade nas leis que regem a
vida. O que existem são leis sábias que comandam a vida com justiça e
misericórdia, sintetizada na célebre frase: “A cada um segundo suas próprias
obras”, na sabedoria do Mestre da Humanidade.
Agora que a mentalidade amadureceu somos convidados a uma postura moral mais
adequada com o progresso de nosso tempo e com as diretrizes que começamos a
compreender com mais clareza.
Veja-se a complexidade do momento atual do país. Ela é fruto de nossas
imperfeições morais, individuais e coletivas, que resultaram no quadro social
que aí está. Mas estamos capacitados para superá-lo, colocando a consciência no
cumprimento do dever, agindo com retidão para não adentrarmos depois no
“inferno” da consciência de culpa. O céu de harmonia e paz que esperamos está em
nossas mãos!
Orson Carrara