Carta aos Discípulos

Se és discípulo sincero
Do Evangelho de Jesus,
Não deponhas no caminho
O peso de tua cruz.

Pelo fato de estudantes
Nesse roteiro de amor,
Encontrarás na tarefa
O cálice de amargor.

É que quanto mais te eduques
Nos esforços da ascensão,
Mais sofrerás com o duelo
Do egoísmo e da ambição.

Pensando no Amado Mestre,
Ponderando-Lhe a bondade,
Hás de chorar, vendo o mundo
No abismo da iniqüidade.

Terás dor, porquanto, em paz,
Nunca feres, nem odeias.
Sentido contigo próprio
As amarguras alheias

Vai com fé pelo caminho,
Leva a charrua na mão,
Trabalha, aguardando o Cristo
No fundo do coração.

Desconfia da lisonja.
Esquece o que te ofender.
Coloca, acima dos homens,
O que te cumpre fazer.

Sê modesto. Há sempre últimos
Que no céu serão primeiros.
Conta sempre com Jesus
Acima dos companheiros.

Um amigo terrestre pode
Ir com tua alma ao porvir,
Mas inda é o homem do mundo
Sempre disposto a cair.

Recebe com precaução
Quem te venha agradecer.
Por muita coisa que faças
Não fazes mais que o dever.

A palavra sem os atos
É um cofre sonoro e oco.
Evita o que fala muito
E edifica muito pouco.

Sê desprendido da posse,
Mas, conserva os bens da luz.
O discípulo conhece
Que ele próprio é de Jesus.

Nunca sirvas às discórdias,
Ao despeito, à confusão.
Deves ser, por onde passes,
Ensino e consolação.

Sabendo que nada vales
Sem o amparo do Senhor,
Conquistarás no futuro
O seu Reinado de Amor.


Casimiro Cunha