Momento Brasileiro
Diante de crimes hediondos, suicídios, tragédias provocadas (como atentados e
sequestros dramáticos), e mesmo a insensibilidade reinante no governo diante da
realidade brasileira, a perplexidade domina os círculos da sociedade humana.
É importante, de início, já informar: ninguém nasceu predestinado a matar (não
se mata apenas com armas) ou a matar-se. Matar ou matar-se são resultantes da
liberdade de agir.
Estamos todos destinados ao progresso e o desajuste das emoções, do equilíbrio,
é o grande responsável por tais tragédias. Estamos absolutamente convidados à
harmonia na convivência, à solidariedade nas iniciativas. Da mesma forma, o
dever dos que estão investidos de poder é usar a política em sua devida
finalidade: gerir o tesouro nacional em favor da coletividade do país. A
corrupção, em todos os níveis igualmente é um atentato à vida.
Referida liberdade de decisão – seja no caso dos crimes em geral ou mesmo numa
gestão de poder –, no entanto, nos sujeita a reparações que virão a seu tempo.
Isso por uma razão muito simples: somos responsáveis pelo que fazemos. A vida e
suas leis determinam essa responsabilidade intransferível, deixando bem claro
que toda lesão que causamos a nós mesmos ou a terceiros teremos que reparar. Não
é castigo, mas apenas conseqüência. Isso vale nesses dramas que envolvem
famílias ou na administração de valores que envolvem toda a sociedade.
E as vítimas? Como ficam essas pessoas? Por que sofrem atentados e se tornam
vítimas de crimes passionais, etc? E mesmo uma nação enfrentando mal uso do
poder com a corrupção reinante? Podemos acrescentar outras questões: Por que
Deus permite? Por que uns se livram inesperadamente de determinados perigos,
enquanto outros deles são vítimas? Por que ocorrem com uns e com outros não?
Qual o critério para todas essas situações? E também, claro, por que os abusos
do poder ou a insensibilidade gerada pelo egoísmo e pelo império do
materialismo?
Apesar da dor e sofrimentos decorrentes, e da não justificativa – sob qualquer
pretexto – de gestos que violentem a vida, as chamadas vítimas enquadram-se em
quadros de aprendizados necessários ou de reparações conscienciais perante si
mesmos, envolvendo, é claro, os próprios familiares. Racioncínio também cabível
nos aprendizados de uma nação, como é o nosso caso, onde ainda negociamos os
votos ou somos seduzidos por interesses que violentam os reais objetivos da
pátria.
Por outro lado, os autores – apesar de equivocados e cruéis – são dignos de
piedade, uma vez que enfermos. Quem agride está doente, desequilibrado na emoção
e necessitado de auxílio, compreensão, tolerância e, mais ainda, de perdão.
Inclusive na indiferença ou omissão do cargo investido, acrescente-se.
Cristãos que nos consideramos, sem importar a denominação religiosa que
adotamos, a postura solicitada em momentos difíceis como o agora enfrentando
pela mentalidade brasileira, é de compaixão com agressores e vítimas. Todos são
dignos da misericórdia que norteia o amor ao próximo. A situação de quem agride
é muito pior do que quem é agredido. O agredido (não se restrinja aqui a
nomenclatura à agressão física) já se liberta de pendências que aguardavam o
momento difícil ou faz importantes aprendizados; o agressor, por sua vez, abre
períodos longos, no futuro, de arrependimentos e reparações que lhe custarão
dores e sofrimentos. Nada justifica a crueldade, mesmo que seja por indiferença
ou omissão. Sua ocorrência coloca à mostra nossas carências e enfermidades
morais expostas, demonstrando a necessidade do quanto ainda precisamos fazer uns
pelos outros.Não podemos julgar. Não temos competência para isso. O histórico
divulgado pela mídia já demonstra por si só as carências expostas, entre tantos
outros fatos lamentáveis. Mas há a bagagem que não vemos…O momento é de
vibrações e preces para que todos tenhamos equilíbrio. Todos somos filhos de
Deus…
Orson Carrara