Vínculos que Formam um Espetáculo
Uma agradável festa de casamento trouxe reflexões importantes em data
recente. Os vínculos familiares, as lembranças que saltam incontroláveis e mesmo
o ambiente emotivo – próprio da ocasião –, levam às emoções.
Misturam-se as gerações, encontram-se e integram-se as famílias; os mais
veteranos recordam, assustam-se com os novos que o tempo transformou em adultos.
Curioso porque, ao mesmo tempo, os mais novatos (e aqui refiro-me às crianças
mesmo) promovem o espetáculo da vida humana que se renova todo dia. Muitos estão
ausentes, ou já se foram – gerando intensas saudades; outros trazem consigo os
laços de futuras famílias que começam a se esboçar nos jovens casais de
namorados.
Depois os abraços, as recordações, a visão de como o tempo passou. E, por mais
paradoxal que possa parecer, também o futuro vivo mostrando-se com toda sua
força e potencialidade. Que coisa linda é a vida! Que espetáculo de alegria e
amor!
Nela concentram-se maturidade, a juventude, a inocência, a pureza. Nela também
está a dificuldade, a esperança, o otimismo, a alegria, a tristeza. Igualmente
mostram-se os quadros da diversidade de experiências que trazem a sabedoria, a
prudência, o cuidado.
Por isso mesmo a vida familiar é das mais notáveis oportunidades que recebemos
do Criador. É nesta permuta, neste intercâmbio, que crescemos. É justamente
através das diferenças que um faz o que outro deixa de fazer; que um ajuda o
outro; que um ensina, outro aprende. Estamos todos num grande processo de
crescimento individual e coletivo.
Ora, pois é justamente através da família quem surgem os filhos; que o afeto se
estabelece, que a estrutura ética, moral e psicológica se forma com segurança.
Por isso, todo investimento em favor da serenidade familiar é o melhor uso que
podemos fazer de nosso tempo, de nossa capacidade. Estruturada a família, nos
princípios do amor e do bem, do respeito ao semelhante, da honestidade, enfim,
estaremos sendo partícipes de uma sociedade humana mais equilibrada. Não é
notável isso?
Importante, pois, valorizar a família. Mas com um detalhe: nunca de forma
egoísta, mas igualmente fomentando noções de solidariedade e cidadania.
Fechar-se em si mesmo um grupo familiar é sinal evidente de fracasso, de
equívoco no entendimento de seu verdadeiro papel.
Pare para pensar comigo, amigo leitor. Pense em sua família (também penso em meu
grupo familiar). Que tesouro! Quantas alegrias, quanto aprendizado, quantas
recordações, perspectivas e esperanças!
Você poderá alegar as dificuldades de convivência, enfermidades, os apertos
financeiros e demais obstáculos de nosso tempo. Mas considere: são desafios de
crescimento, são testes de maturidade. No final, o que fica mesmo não é o
patrimônio dos bens materiais. O que prevalece mesmo (analise bem) são as
emoções vividas. Só os sentimentos é que permanecem. Tratemos, pois, de
valorizá-los adequadamente.
Orson Carrara