Cantigas da Paz
Porque o Anjo da Paz lhe aparecesse,
Interrogou-lhe o Homem, triste e aflito:
- “Anjo Bom, que fazer para guardar-te
A luz da Paz que trazes do Infinito?”
Falou-lhe o Mensageiro: - Foge, amigo,
Do azedume, da mágoa, da aspereza,
A santa escola da serenidade
Brilha no coração da Natureza...
Medita nas lições da fonte calma,
Que ampara e serve, prosseguindo além;
Se a pedra surge, aprende a contorná-la
E continua em paz, fazendo o bem.
Demora-te na praia e vê nas águas
A imensidão do mar que apenas sondas,
Banhas-te renovando força e vida
Sem alterar-lhe o ritmo das ondas.
Estuda a árvore enorme e frondejante,
Trabalhando sem perda de minutos,
Sofre, produz e entrega-se a quem passa,
Sem tomar posse de seus próprios frutos.
Fita o Céu estrelado, olha a campina,
Deixa que a brisa te acalente o rosto,
Pensa no chão que te garante o passo,
O ar que consomes não te cobra imposto.
Não firas a ninguém, não guardes culpas,
Um dia, deixarás o mundo aí...
Resguarda-te no bem, trabalha e serve,
E, quanto ao resto, Deus fará por ti.
Maria Dolores