Nas Armadilhas da Própria Vaidade
A amiga Daniela Antunes, de Bauru (SP), localizou a pérola abaixo que coloco
à apreciação dos leitores. Ela está na lucidez e coerência do grande pensador
espírita J. Herculano Pires. A transcrição é parcial e está no final da
Apresentação feita por Herculano na 21ª. edição (outubro de 2003) do livro A
Gênese, de Kardec, com tradução de Victor T. Pacheco, na edição da LAKE. A
citada apresentação, assinada por Herculano, está com o título Notícia sobre o
livro – A revelação do mundo, e no final com o subtítulo Evolução do Espiritismo
encontramos essa preciosidade de raciocínio e advertência (datado de outubro de
1977), que deve merecer nossa máxima atenção, até para efeito de uma autoanálise
do que estamos vivendo e fazendo com o Espiritismo:
“(...) Não é através de pretensas revelações mediúnicas de espíritos e médiuns
invigilantes e vaidosos, nem de percepções de videntes convencidos de suposta
investidura missionária, e muito menos de reformas idealizadas por cientistas
improvisados, que revelam ignorar o próprio sentido da doutrina, que se fará o
progresso do Espiritismo. Esse progresso só será possível depois que os adeptos
sensatos consigam compreender a posição do Espiritismo no panorama geral da
Cultura. Os adeptos demasiado entusiastas, como advertiu Kardec, são mais
perniciosos ao Espiritismo do que os seus adversários. Estão sujeitos a cair
facilmente nas armadilhas da sua própria vaidade e desfigurar a doutrina com
proposições ridicularizante. Precisamos acordar para esta desoladora verdade: o
Espiritismo é ainda o Grande Desconhecido, até mesmo dos espíritas que pensam
havê-lo dominado completamente. Por isso, os espíritas dotados de humildade
suficiente para reconhecer a sua incompetência espiritual e intelectual para
tanto, servem melhor à doutrina e a preservam das deturpações dos vigilantes. O
Espiritismo é o alicerce de uma nova Civilização, a plataforma das futuras
conquistas da Humanidade. Precisamos estudá-lo com o respeito devido às
obras-primas do saber humano, todas elas sempre orientadas por gênios da
cultura, sob a assistência constante dos Espíritos Superiores que velam pela
evolução planetária. Quem se julga capaz de reformular uma dessas obras acaba
sempre cometendo uma profanação. Tratemos de aprofundar o nosso precário
conhecimento Espírita e nunca nos atreveremos a profanar a obra genial de Allan
Kardec.”
Parece-nos que o texto dispensa maiores acréscimos. Ele aí está para nossa
reflexão.
Orson Carrara