Tragédias do Cotidiano
Prosseguem na sua faina interminável as tragédias do cotidiano, ceifando
vidas de maneira perversa e descontrolada. No Mar Mediterrâneo continuam a ser
abandonadas as vítimas dos países dilacerados pelas guerras cruéis, como
recentemente mais de mil e quinhentas foram resgatadas pela Itália, quando
buscavam oportunidade nova de vida na Europa exausta e com excesso de população.
Em toda parte avolumam-se os atos de violência e de desespero em que existências
louçãs ou não experimentam o gume que lhes ceifam a oportunidade de
desenvolvimento.
E por mais se apresentem excruciantes, sempre surgem formas novas de extinção da
vida, de maneira hedionda. Foi a ocorrência fatídica na Barra da Tijuca,
conforme noticiou angustiada a Imprensa do país há poucos dias. Referimo-nos à
família que foi destroçada, crê-se que pelo chefe do clã, cavalheiro honrado,
desfrutando de respeitável posição socioeconômica, com esposa bela e filhos
lindos. A senhora, possivelmente dormindo, foi assassinada a faca, e as duas
crianças, seus filhos, foram atirados da janela do alto edifício com o próprio
genitor. Apesar de acostumados com os dramas trágicos, essa calamidade
surpreendeu, não apenas aos amigos, familiares e moradores do bairro, bem como
toda a sociedade que lhe tomou conhecimento.
Que estado de desespero ou de consciência alterada leva alguém a cometer tantos
e tão hediondos crimes? Quais as razões, se é que existem razões para ações de
tal porte, que induzem a criatura humana a matar de maneira quase inconcebível?
Por mais que se encontrem fatores psicológicos, sociológicos, econômicos ou de
outro porte, vale pensar que a criatura moderna perdeu o endereço de Deus e, em
consequência, perdeu o próprio também. A falta de fé na imortalidade reduz a
vida na Terra a uma experiência sem sentido nem significado.
Torna-se necessário que se volte a Deus e à fé religiosa, seja qual for, para
evitar-se tragédias de tal magnitude.
Divaldo Pereira Franco