Parábola da Mãe Impaciente
A manhã corria tranquila, amenizada por uma brisa suave que balançava de leve
as flores do jardim.
O céu azul era recortado pelo voo rápido das andorinhas.
Apesar de todo esse esplendor e encanto, a jovem mãe sentia-se impaciente e
nervosa.
Correndo entre as árvores do quintal, o seu filhinho brincava descuidado.
Em dado momento, o garoto aproximou-se de um pequeno poço que ficava junto a uma
frondosa mangueira.
Não havia perigo algum. No entanto, a mãe viu e irritou-se, porque estava
impaciente.
Acercou-se do filho, ergueu a mão e lhe deu uma forte palmada.
Surpreendido pelo castigo que lhe parecia injusto, o menino ficou bastante
irritado.
Voltando-se para a mãe, disse com ar zangado:
Você bateu em mim! Não gosto mais de você.
Ela ficou surpresa e arrependida diante da reação do garoto.
Ele, com a fisionomia amuada, afastou-se, encaminhando-se para o fundo do
quintal.
Voltava-se, porém, a cada passo, para o lado em que se achava a mãe e insistia
na mesma frase:
Não gosto mais de você!
Proferindo sempre a mesma queixa, chegou junto ao muro.
No terreno vizinho havia uma grande pedreira que, com sua face lisa, provocava
um eco de rara perfeição.
Quando o menino bradou mais uma vez: Não gosto mais de você, o eco repetiu:
Não gosto mais de você!
Ao ouvir aquilo, que parecia reboar nas alturas, o garoto, que desconhecia a
existência do eco, se assustou.
Correu para junto da mãe.
Mamãe! Lá no fundo do quintal, para o lado da pedreira, tem um gigante que
grita: “Não gosto de você!”
A mãe, percebendo a verdade do acaso, tomou o filho pela mão e o convidou a ir
até junto ao muro, onde se poderia ouvir o maravilhoso eco.
Ali chegando, pegou-o no colo e falou, com a serenidade que há pouco lhe
faltara:
Grite bem alto para o gigante: “Eu gosto de você!”
Sem hesitar, levando as mãozinhas em concha, na altura da boca, ele fez vibrar a
voz:
Eu gosto de você!
O eco rebateu: Eu gosto de você!
A jovem mãe explicou, com carinho:
Essa voz que você ouviu é a voz da vida.
A toda palavra de simpatia e bondade responde a vida com bondade e simpatia.
A todo gesto de violência e impaciência, recebemos de volta violência e
impaciência.
Temos que agir bem, para que possamos receber o bem da vida.
Fez uma pausa e acrescentou, beijando o menino.
Hoje eu estava impaciente e por isso bati em você.
Mas eu gosto de você, meu filho, me desculpe.
O filho abraçou-a e murmurou:
Mamãe! Desculpe! Eu também gosto muito de você.
E o eco, que parecia nascer do coração da pedra, repetiu:
Mamãe! Desculpe! Eu também gosto muito de você.
* * *
Que as nossas palavras sejam sempre evocações à bondade e ao bem.
Que não sejam, porém, manifestações vazias e vãs.
Cuidemos para que nossos gestos sejam exemplificações seguras e constantes de
cada uma das palavras que proferirmos.
Momento Espírita