Mãe

O Espírito culpado em lágrimas vagueia,
O tempo é o mar de dor em que se perde agora
É um duende a gemer na lagoa que o devora,
Entre muros mentais, ergue a própria cadeia.

Quer voltar ao passado ... Implora, titubeia ...
Nisso, a idéia de Deus é faísca de aurora
A surgir-lhe no peito e o peito se lhe enflora,
Dá-se à luz da oração e a fé se lhe incendeia ...

A prece alcança o Azul e, às súbitas, se eleva,
Alguém volve cio Alto aos turbilhões da treva,
Afaga o sofredor, cansado e maltrapilho ...

E uma a de Deus, quando em sono profundo,
Abre os braços de Mãe para trazê-lo ao mundo,
Ele nasce e ela canta:
- “Ah! Meu filho!...meu filho!...”


Narcisa Amália