Ensinos de Ontem
Como é emocionante se compulsar escritos bíblicos e descobrir que, embora
redigidos há séculos, têm o sabor da atualidade.
Isso atesta a sua qualidade divina, a inspiração superior. Ensinos emanados dos
céus para os homens, e que transcendem o tempo, os costumes.
No Velho Testamento, no livro do profeta Ezequiel, encontramos a descrição do
que deveriam ser os domínios do povo de Israel e a advertência: Repartireis,
pois, esta terra entre vós, segundo as tribos de Israel.
Será, porém, que a sorteareis para vossa herança e para a dos estrangeiros que
peregrinam no meio de vós, que gerarem filhos no meio de vós.
E vos serão como naturais entre os filhos de Israel.
E será que na tribo em que peregrinar o estrangeiro, ali lhe dareis a sua
herança.
Nos dias em que vivemos, grande tem sido o número dos imigrantes, que buscam
asilo nas terras da Europa e da América.
Fugindo de países em que domina a guerra, a turbulência, a fome, eles enfrentam
as mais adversas condições em busca de um novo lar.
Um local que os possa receber e onde não lhes seja negado o alimento, o abrigo.
Uma nova vida.
Onde não sejam discriminados por causa da cor da pele, da sua religião, sua
raça, sexo ou país de origem.
Naturalmente, muitas são as questões que se levantam ante essa onda migratória,
contando-se aos milhares os que já adentraram fronteiras de outros países.
Um problema, sem dúvida, para as nações, para a economia dos países.
O Papa Francisco, durante uma visita ao Campo de Moria, na ilha grega de Lesbos,
conclamou a que se responda de maneira digna de nossa humanidade comum à crise
migratória.
Os imigrantes, disse ele, antes de serem números, são pessoas.
Unindo-se a outros líderes religiosos, assinou uma declaração pedindo ao mundo
para mostrar coragem para enfrentar esta crise humanitária colossal.
Que todos os nossos irmãos e irmãs deste continente, como o bom samaritano,
venham ajudá-los no espírito da fraternidade, solidariedade e respeito pela
dignidade humana que marcou sua longa história, acrescentou.
O estrangeiro não afligirás, nem o oprimirás, pois estrangeiro fostes na terra
do Egito, diz o livro de Êxodo.
Exortações do ontem que se fazem precisas e necessárias no hoje.
Olhar para nossos irmãos, que fogem de seus países, enfrentando o mar, o
deserto, as condições mais adversas, em busca de um lugar para viver.
Para alimentar os próprios filhos.
Palavras a respeito das quais nos cabe meditar. Exortações que devem ser
pensadas, antes de erguermos muros pessoais e de gritarmos pelo fechamento das
fronteiras.
Os refugiados não são migrantes econômicos, que geralmente procuram melhores
condições noutro país.
São homens, mulheres e crianças de todas as idades que buscam um país que os
acolha.
Antes de cerrarmos os olhos à miséria alheia, lembrar que somos todos irmãos,
neste imenso lar em que vivemos.
Todos irmãos, embora tenhamos cores de pele diferentes, e falemos idiomas
estranhos uns aos outros.
Algo, no entanto, nos é comum: somos humanos. Somos Espíritos, filhos de Deus.
Que nossa humanidade entre em ação. Dividamos o problema, busquemos soluções.
Perguntemo-nos: e se fôssemos nós o estrangeiro, com um filho nos braços, como
gostaríamos de ser recebidos?
Momento Espírita