Lágrimas
Quando a luta te deixe em plena estrada,
Qual tronco a sós, sem flores e sem frondes,
Na secreta renúncia a que te arrimas,
Bendita seja a lágrima que escondes!
Quando a amargura te converta a vida
Em rede estranha de sinistras horas,
Mesmo nas raias do suplício extremo,
Bendita seja a lágrima que choras!
Quando a prova te assalte os semelhantes
Na dor de sendas ásperas e incertas,
Na simpatia que te inflama o peito,
Bendita seja á lagrima que ofertas!
Quando, porém, caminhas na bondade
A que nobre e sereno te conjugas,
Muito acima das lágrimas que vertes,
Bendita seja a lágrima que enxugas!
Francisco Lobo da Costa