Serenidade

O bom cidadão não pode nem deve abdicar da serenidade em qualquer situação em que se veja colocado. Deixar-se dominar pelas secretas paixões do ego é comportamento perigoso, porque elas enceguecem-no, tiram-lhe o discernimento e precipitam-no a situações embaraçosas. A serenidade demonstra segurança pessoal, consciente de atitude e confiança no bem.

Normalmente, nos momentos de crises, acendem-se incêndios vorazes e labaredas inesperadas quão devoradoras surgem em todo lugar, dificultando o entendimento da ocorrência e precipitando condutas lamentáveis. A verdade é falseada, suposições maleivosas são transformadas em acusações insensatas e o julgamento é sempre infeliz, porque é firmado em ideias preconcebidas.

A crise de qualquer natureza é sempre o clímax de uma questão malcuidada que se vai agravando à medida que não recebe a consideração merecida, até o momento em que já não é mais possível ser postergada. Logo surgem temperamentos exaltados de um lado e do outro, que se desafiam ansiosos por debates inúteis e acusatórios, revelando também os aproveitadores que se escusam de comprometer-se, porque são pusilânimes e desejam sempre lucrar.

A serenidade não anui com o erro nem com os comportamentos ilegais, imorais e agressivos, somente age com equilíbrio, não aumentando a inquietação que se generaliza e quase sempre termina em ações que indignificam os seres humanos. Nesses períodos de crises, de incertezas, surgem boatos assustadores, as calúnias são aceitas com exaltação e a justiça mal aplicada foge aos seus próprios estatutos.

A melhor maneira de comportar-se durante ocorrências dessa natureza é agir-se corretamente, sem os envolvimentos emocionais de ocasião, contribuindo em favor da harmonia de todos. Nestes dias nos quais as notícias correm com altíssima velocidade e as condutas de enfermos emocionais se aproveitam para gerar pânico, é necessário vigilância para não se abandonar a serenidade.


Divaldo Pereira Franco