Desculpa
Escuta serenamente
Quem te repele ou censura.
Há muito fel de amargura,
Em forma de maldição.
Às vezes quem te maltrata
Arrasta apenas consigo
Sede, fome e desabrigo
Por brasas no coração.
Quem te injuria e escarnece,
Na frase agressiva, azeda,
Em si sofre a labareda
Que verte do próprio mal.
Toda cólera é doença.
Aquele que se enraivece
Solicita o pão e a prece
Do socorro fraternal.
Muita gente cai nas trevas,
Por não achar, no caminho,
Brandura, silêncio e ninho,
No peito amigo de alguém.
Inda que ofensas te cubram
E lâminas te retalhem,
Que as tuas forças não falhem
Na força que espalha o bem.
Desculpa, constantemente,
O golpe, a pedrada, o insulto,
Apesar do pranto oculto,
Amargo, desolador!
Quem tolera e quem perdoa,
Embora de alma ferida,
Encontra, na própria vida,
O reino do Eterno Amor.
Irene Ferreira de Souza Pinto