Ante o Ano Novo
Ao finalizar o ano 1900, muitos pensadores argumentavam que o raiar do século
XX marcaria o fim da fase religiosa da História.
Mas cá estamos, no século XXI e a mensagem do Cristo está bem viva e forte no
pensamento e no coração de incontáveis pessoas.
Voltaire, escritor francês do século XVIII, imbuído desse espírito cristão, teve
oportunidade de produzir excelentes peças de caráter religioso.
Hoje, neste início de mais um ano, é importante revermos tais escritos que nos
remetem a uma profunda fé em Deus.
Exatamente aquele Deus que Jesus nos revelou como o Pai de todos nós. Um Pai que
ama e por amor nos sustenta os dias.
Deus de todos os seres, de todos os mundos, de todos os tempos. Se é permitido a
frágeis criaturas, não percebidas para o resto do universo, atrever-se a Te
pedir algo, a Ti, que tudo nos tens dado; a Ti, cujos decretos são imutáveis e
eternos; olha com piedade os erros de nossa natureza. Que esses erros não sejam
calamidades.
Afinal não nos deste o coração para nos aborrecer e as mãos para nos agredir.
Faze com que nos ajudemos mutuamente a suportar o fardo de uma vida penosa e
fugaz.
Que as pequenas diferenças entre os trajes que cobrem nossos frágeis corpos,
entre nossas insuficientes linguagens; entre nossos ridículos usos, entre nossas
imperfeitas leis, entre nossas insensatas opiniões, entre nossas condições tão
desproporcionadas aos nossos olhos e tão iguais diante de Ti;
que todos esses matizes, enfim, que distinguem os átomos chamados homens, não
sejam sinais de ódio e de perseguição.
Que aqueles que acendem velas em pleno meio-dia para Te celebrar, tolerem os que
se contentam com a luz de Teu sol.
Que os que cobrem seus trajes com tela branca para dizer que devemos amar, não
detestem os que fazem o mesmo sob uma capa de lã negra.
Que seja igual adorar-Te em dialeto formado de uma língua antiga e em uma
recém-formada.
Que todos os homens se recordem de que são irmãos!
Se os açoites da guerra forem inevitáveis, dá-nos condições de não nos
desesperarmos.
Que não nos destrocemos uns aos outros em tempos de paz.
Que empreguemos o instante de nossa existência em bendizer em milhares de
idiomas, desde o Sião até a Califórnia, Tua bondade que nos concedeu este
instante.
Originados da mesma fonte, amparados pelo mesmo Pai, todos os homens somos
irmãos.
Se as fronteiras nos dividem em países e nações, se os idiomas nos criam
dificuldades de comunicação, se as distâncias nos impedem de nos entrelaçarmos,
a vibração da fraternidade deve vigorar em nossos corações.
Todos fomos criados por amor, somos filhos da Luz e destinados à Luz.
Por ora, e somente por agora, nos situamos em painéis diferentes. Mas um dia,
além do corpo, transcorrido todo o caminho, todos chegaremos ao mesmo fim. A
casa do Pai. A perfeição.
Momento Espírita